Saudade da Roça, Caminhada Feliz

Publicado por: Mestre Tinga das Gerais
Data: 19/10/2019
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Créditos

Sodade da Roça, Caminhada Feliz Vida da roça Vida passage Dura lida bataia Bêra de corgo Nossa paioça Memo qui miúda Nossa doce choça. A Mamãe e o papai Minha irmã inda pequena Ali aquele doce rincão Dadonde nóis vida de bêra Aquilo pra nóis era um tisôro O sole batizano a álima Nossa subrivivença é ôro! Dispois da labuita A gente ia agardicê numa capela Junto cum ôtas famia Lá nas banda de ôto corgo Ali era feitia as oração Cada um cum seu pidido Era fervorosa a devução. Mamãe vistia na
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Saudade da Roça, Caminhada Feliz

Sodade da Roça, Caminhada Feliz

Ao meu amigo Mandruvachá,grande ator, compositor e poeta do sertão.

Vida da roça

Vida passage

Dura lida bataia

Bêra de corgo

Nossa paioça

Memo qui miúda

Nossa doce choça.

A Mamãe e o papai

Minha irmã inda pequena

Ali aquele doce rincão

Dadonde nóis vida de bêra

Aquilo pra nóis era um tisôro

O sole batizano a álima

Nossa subrivivença é ôro!

Dispois da labuita

A gente ia agardicê numa capela

Junto cum ôtas famia

Lá nas banda de ôto corgo

Ali era feitia as oração

Cada um cum seu pidido

Era fervorosa a devução.

Mamãe vistia na gente

A mió peça de rôpa qui tinha

Papai e minha irmanzinha

Já aperparado pa saí

E lá nóis no camin

No breu da nôte o vento

Uma isperança sem fim.

O Curiango assanhado

Disafiano a Curuja

Minha mão na mão de papai

Mamãe abraçava a piquena

Os zóio da minha irmanzinha briava

Naquele escuro cenáro

Era o qui alumiava.

E papai parava e oiava pa trais

E cum otoridade raiava:

- Rajado! Lião! Vorta pa casa! Vorta!

Vorta Rajado! Vorta Lião!

Era os dois cachorro

Nossos amigo de saga

Da paioça os guardião.

E chegano no lugá da reza

Eu já cansado da caminhada

E tomem da lida diára

Deitiava num cantin e no chão

Inquanto a reza tocava

Meu sono criança aprindiz

Os anjo ali me guardava.

Fim da reza

É hora de vortá pa casa

Mamãe cum a irmã no colo

In sonho ela ainda tava

E eu no colo de papai

Agarradin no seu prescôço

Cum amô me abraçava.

O chêro da minha mãe

Ele me atraís, me embriagava

Mais, minha irmanzinha

Inroscava nela e aquilo

Eu cumpridia o qui é tê

A essença daquela qui deu lúis

Pa mode nóis vive.

AH! Mais tomém

Nos braço de papai

Eu sintia aquele suore da lida

E ele na prosa cumigo

Os vaga-lume assuntano

Eu os pôco ia adrumeceno

E s istrela nos alumiano.

Num dia desses a tristeza

Qui num me sai da lembrança

Foi condo nóis vortemo pa casa

E que o Rajado e Lião

Papai mandô vortá

Incontremo os dois babano e agunizano

E a própria morte insaiá.

Nas ida e vinda da vida

A gente passa pu turmento

E muita contrariação

Num sei se era veneno

Ô má querença de arguém

Só sei que ali nóis interremo

Aquêz qui nunca fêis male a ninguém.

Tudo isso é passage

No ôto dia a lida na álima

O coração im pedaço

Qui nada se acarma

Mais as isperança tava im Deus

Sigui a vida era preciso

Pra esses dia meu.

Aquela vida difísse

Era espêio pa nóis inxergá

Qui memo naquela vida sufrida

A gente tinha força pa mode arrisisti

Asvorta do tempo

E da terra sgrada

Broitava o alimento

O consolo tava no nosso quintale.

E bem na porta da cuzinha

Que anté sirvia de sombra pas galinha

Um pé de limão rosa

Que seus fruto insalava sua essença

Dêxano mais linda a prosa

E a vida de boa querença.

Cumo nos dia de hoje

Nóis num tinha Caca-cola

E nem sabia o qui era

Nóis nem sabia adonde tava

O tale de Goraná

Mais sabia da gustusura do suco

Qui aquele fruto nos dá.

Dali a saborosa limonada

Adoçar? Era cum rapadura

Isprimia o limão numa vazia

Rapava a rapadura

Mamãe numa aligria

Nóis ali sentadin

Assuntano aquela magia.

Óia ! Num vô delatá

Pu mode quê

Hoje eu alevantei cum sodade

Meus zóio enche d’água

Lembrano de daquele tempo

E esse vento de mim arripio

Me trais o contentamento.

Qui sodade de papai e mamãe

Aquêz que me insinô os traço da sina

Eu vida ribêra

Lágrama verte im mim catrumano

No colo do sertão isprendô

Matuto à nossa manêra

Qui no meu sangue ficô.

Adonde esses meu pé pisar

Meu rasto é carimbo na terra

Suore de nóis vertê

Minhas viagem nas andança

Parage de nóis famia filiz

Cumigo ficô as lembrança

Daquele cantin raiz.

Eu agardeço a Deus

Pu tê vivido esse tempo

Eu imbornale das istóra

Meu suore no arforje

Belço imbigo interrado nesse chão

Papai...mamãe brigado!

Pu me criar nesse sertão!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 19/10/2019
Código do texto: T6773571
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