Como é gostoso
O aroma lá da Serra
Ninguém vive im pé-de-guerra
Todo mundo é filiz!
De manhãzinha
A gente corre pu riacho
Passa pu mansos regato
E vê a vida aconticê...
Lá na Serra
Brincadêra de criança
É uma fonte de isperança
E nun se vê o tempo passá...
AH! Que sodade!
De Maria e Mariana
Morenas tropicana
Que abalô meu coração!
No mêis de junho
A fuguêra de São João
Aquicia o arraiá
E o povo im oração.
A mininada na brincadêra de roda
Os mais véio e a viola
A canturia era linda
Na maió animação.
Ôvia os causo do Seu João Pereira
Ele naquela carmaria
Falano das caçada
E daquelas magia
Dizia da Pedrêra Currale Véio
Falava sem dá nó
Da pedrêra do João Perêra
E tamém do Imbé, o cipó.
Num se esquecia do Mandacaru
Nem do Capim Meloso
Comida que o Mocó
Ficava todo garboso.
Lá na Serra
A pedra em laje ressoa
A água faz dela um tambore
Um mistéro que ecoa.
Lá do Córgo da Lágrima
A água cristalina
Pra mode saciá a sede
Era uma obra Divina...
Aquilo era um colosso
O sorriso matuto broitano
E ali a estóra
À minha álima lavano.
O amanhicê seu moço
É de fazê arripiá
O canto da juriti
Faz a gente imocioná.
A passarada entra im festa
O sertão se agita
A bicharada se cumunica
Ao vê o dia clariá.
Lá na Serra é um paraíso
Onde perco o juízo
Meus encanto me acarma
E num me isqueço de lá...
Nas paioça
O povo todo animado
Cum a vela na mão
E a família a rezar...
De madrugada
Raposa, onça e tamanduá
Pela manhã as pegada tímida
Do lobo-guará...
Que sodade da Serra!
Dos amore
Dos licore
Das quitandas da mamãe...
Das folias de Reis
Do reisado
Das Catira
E do Lundu...
Sodade da viola
Que o Seu Zeca tocava
Meu coração transbordava
Quando ela pontiava...
Ah!Que sodade da Dona Teresa
E do seu fraguin cum tutu
Do mio verde granano
Pra mode fazê o angu.
Papai saia pra caçá
E trazia o campeiro
E ao lado o Trabuco
O belo cão pirdiguêro.
Eu chego inté sonhá com a Serra!
Eu vô dexá tudo de lado
Arrumá minhas mala
Sair bem calado...
Meu coração se inquieta
A imoção eu meu calo
Quero matá a minha sodade
No lombo do meu cavalo.
Quero chegá na chapada
E naquela velha porteira
Vê mamãe, papai, meus irmão
Num importa choradêra...
Quero abraçá os meus véio
Bem longe da capitale
E eu sei o que é chorar
Pelo meu torrão natale.
Pra mim é uma eternidade
Eu vô contano as zora
Mais eu vorto filiz da vida
Pra a Serra do Cabrale!
Inté!