Vô ispricá procêis
Dexá bem ispricado
Das maravia e belezura
Do meu misterioso cerrado:
As fôia de Bate Caxa
Tum...tum...tum...
O chêro dilicioso!
Do gostoso Articum.
O vento me disse:
- Seu amô por ela nunca caba!
Ouvi aquilo e sorri
Eu tava de baxo do pé de Mangaba.
O Jiquitibá gritô de longe:
- Vai imbora não seu moço!Tome isso daqui!
Estiquei a prosa
Cum a cachaça com Murici.
Logo chegô os raizêro
Cum a midicina do lugá
E um arvoroço!
A catá os Jatobá.
Vi um minino levado
Pra lá e pra cá
Seus zóio briava...
E lá o pé de Araçá.
Mamãe cum o fêxe de lenha
Incara o morro
E no meu imbornale
A Marmelada de Cachorro.
Nóis criança e a prosa
Adoçano o paladá
apostano quem cumia mais
Do saboroso Ingá.
Imbrenha daqui, dali
Mata a sede no minadô
Discanso debaxo do pé de Aruêra
E no intranha do cerrado o sabore.
Lá na curva da istrada
Logo dispois do Bambu
Tem aquela parada
Para mode catá o Baru.
E na campina a cô do vinho
E pu Ele eu inxisto.
Arripio todinho...
Com a Sangria de Cristo...
Cortano o chão minêro
Na montaria ô à pé
Quero prová o sabôre
Do docim Inharé
Eita cerrado rico!
Das essênça de mim guri
Vou levá no meu fêxe
O iscorregadio Bacopari.
Inté fico bistunto
Im vê cumo tudo isso apariceu
E logo um assôpro arresponde:
- Foi Deus qui ti deu!
Sô matuto inraizado
Pra burguêis eu num me calo.
Conheço essas riqueza
E inté o Grão de Galo.
Nas vereda deste sertão
Cerrado meu e de ti
Cabôca minha razão
Água do meu Buriti.
Brasil berço triguêro
A passarada e a criação na canga
O doce mistéro da fruita
A saborosa Mutamba.
Um canto aqui e acolá
Um aboio aqui e ali
A brisa deitia nas fôia
Do coco Licuri.
Não sou goiaba
Sou quetinha, sou ananzinha
Amarelinha mais num sô ôro
Sô a diliça Gabirobinha.
Ei moço!Moço! Ô moço!
Sai daí e venha pra cá!
Pareço ser de veludo
Sou eu!A Acá!
Os passo já miúdo
E se o desejo fô baita
Ainda tem espaço
Pra modelevá a Cagaita.
Pa num furá cum os ispin
O Zeca catô uma imbira
E tem que pegá de mansin
A atrivida da Macambira.
Discarço, sem camisa
Ah!Enóis nem aí pro Carrapato
O bão memo
É o sabô do Cajuzin do Mato.
A gente vai passá pelo buquêrão
O meu cantin é logo ali.
E dispois se a fome arrochá
A mamãe vai fazê o Arrois cum Pequi!
Pa armentá o meu apitite
Inté já puis a comida no prato
Vô tumá cum gôstio
O licor de Jenipapo.
Óia.Se ocê apitecê
Passa pru lá!
Vamo batê um dedo de prosa
E a viola pontiá!
O prefume do cerrado é deferente seu moço!
Num é prefume inventado
É a mão do Supremo
Mandano recado.
Dizeno qui:
- A vida tem que tê magia
Abre a noite e logo o dia
E os fruito da álima alumia.
Alumia a boa querença
Sô cerrado, sô andança
E no broitá fruita de mim
Sô o sabô da bonança.
Fico a imaginá
A risponsabilidade da terra.
Faiz a semente rebentá
Dispois as árvre pare os fruito.
Discurpa se eu isquici
De argum fruito do cerrado
Tomem é uma fartura!
E Deus é sagrado.
Lá fora uma chuvinha mansinha...sunta só...
Os fruito quereno madrucê
Vai sê uma fartura...
Eu só tenho que agardicê.
O meu cerrado tem magia seu moço!
Tem fruito in toda as estação.
Puraqui fica a minha paioça
Nesse meu lindo sertão.
Inté!