Meus zóio no teiado
E lá o zóio do sole
Que invade o meu ranchin
E nóis ali na isperança da chuva
Que vai incharcá a terra
E a semente num dengo só.
Vai rebentá e mostrá sua cara
Trazeno dias mió.
A Jandira alevanta
Aperpara o café
Os minino drumino e sonhano
E eu vô inté a jinela
Ispio e num vejo uma só nuve.
O vento trazeno vapore
Mais a isperança memo que miúda
Meus láibio crama pro Nosso Sinhôre.
As galinha ciscano a paia seca do miará
O galo inté que canta filiz
Ele todo garboso de ôio na galinhada
E no pasto a junta de boi triste
Cata daqui, cata dali
É o ristin de capim.
E aquele rebêrão quaiz secano
E a cachuêra chorano seus úlitimo pinguin.
Os zóio miúdo da passarada
Nos gaio da Gamilêra
Dêxava uma dúlida danada
Tomém num tinha pa donde avuá.
Na rigião o lamento
É de canto a canto.
As oração é muitia!
Cada quale cum seu santo.
A tuia só isvaziano.
O fêjão minguano feitio um pavio de lamparina
Já tomo fazeno café cum rapadura
Tomem é uma diliça
Mais o Zeca o meu fio do meio
Tem probrema no intristino
E aquilo dá uma caganêra
Que inté imagrece o minino.
Mais nóis intende DEUS!
Tudo tem seu tempo
E vamo obidicê a lei do HOME.
Nóis num pode ismuricê
E eu acho que a isperança memo que miúda
Ela cresce e pode prusperá
E pro mais seco que isteije
A chuva vai chegá.
Óia.Cumo sô um cabôco de fé
Vô cavucá a terra e aperpará o campo
Agasaiá a semente e trocê pa mode chuvê
E sei que vô sê atindido
Inté vô cumemorá cum a Jandira e os minino
Dispois vamo à capela rezá.
Sei que vai sê uma fartura
Eu vô inté arripiá.
Dispois da oração
Vamo fazê uma franguim cum angu.
Inquanto a Jandira aperpara
Vô biliscano uma cachacinha
Riscano o dedo na viola
E cantá uma moda ranchêra.
Os minino no arvoroço da vida
Essa é a lida à nossa manêra.
Pode intè batê uma lombêra
Vô pegá a istêra
E aproveitiá o pedacin de sombra de Jiquitibá
Meu devê ta pronto
Já prantei, suei, rezei
Agora é sonhá cum a bonança.
Quem tem fé na vida
Um dia a vitóra arcança.
Iscuita!Iscuita!
Lá vem o vento trazeno ela!
Sinti inté o chêro dela
É a terra moiada, chêro divino
Vô pa paioça e vê tudo aconticê
Vai sê uma belezura!
Num importa os raio e nem os truvão
Quem tem DEUS ninguém sigura.
- Ô cumpade Otero! Que maravia!
A chuva ta aí...
Pode aperpará pa capinada!
Eu vô arreuni os minino
E vamo amolá as inxada
A isperança é gigante
E o sinhôre cumo vizin
A gente segue adiante.
Tudo vai agardicê.
O rebêrão, a passarada, a criação...
O cumpade Otero vai ficá numa filicidade só
A prantação vai ficá virdinha
Vamo tê uma coiêta daquez
Vamo rezá um telço pa São Jusé.
Juêi no chão, imoção, e dispois:
Muitia cumilança e rasta pé.
Que maravia!
Já oço o baruio da cachuêra
Meu rio canta nas corredêra
E o pasto agardiceno.
Daqui iscuito inté o Seu Onofre festejano
Acho quêle vai inté tumá uma cachaça
Do jeitio que quêle gostia...
Mais tomem cum o home num tem pirraça.
Já iscuriceu e vô dexá Deus fazê a parte dele.
Agora é Cuntinuá cum minha fé
Os minino ta ferrado no sono
Inté sonha cum as travissura no rebêrão.
Vô grudá nas custilinha da Jandira
Fazê um cafuné e tudo pode acunticê.
Nóis tem um fogo de vurcão
E a nossa paioça vai tremê!
Fé de cabôco é ansim.
Ele é temoso
Mais DEUS atende ele!
Inté!