Fé de Caboclo

Publicado por: Mestre Tinga das Gerais
Data: 11/01/2019
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Créditos

Meus zóio no teiado E lá o zóio do sole Que invade o meu ranchin E nóis ali na isperança da chuva Que vai incharcá a terra E a semente num dengo só. Vai rebentá e mostrá sua cara Trazeno dias mió. A Jandira alevanta Aperpara o café Os minino drumino e sonhano E eu vô inté a jinela Ispio e num vejo uma só nuve. O vento trazeno vapore Mais a isperança memo que miúda Meus láibio crama pro Nosso Sinhôre. As galinha ciscano a paia seca do miará O galo inté que canta filiz Ele todo garboso de ôio na
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Fé de Caboclo

Meus zóio no teiado

E lá o zóio do sole

Que invade o meu ranchin

E nóis ali na isperança da chuva

Que vai incharcá a terra

E a semente num dengo só.

Vai rebentá e mostrá sua cara

Trazeno dias mió.

A Jandira alevanta

Aperpara o café

Os minino drumino e sonhano

E eu vô inté a jinela

Ispio e num vejo uma só nuve.

O vento trazeno vapore

Mais a isperança memo que miúda

Meus láibio crama pro Nosso Sinhôre.

As galinha ciscano a paia seca do miará

O galo inté que canta filiz

Ele todo garboso de ôio na galinhada

E no pasto a junta de boi triste

Cata daqui, cata dali

É o ristin de capim.

E aquele rebêrão quaiz secano

E a cachuêra chorano seus úlitimo pinguin.

Os zóio miúdo da passarada

Nos gaio da Gamilêra

Dêxava uma dúlida danada

Tomém num tinha pa donde avuá.

Na rigião o lamento

É de canto a canto.

As oração é muitia!

Cada quale cum seu santo.

A tuia só isvaziano.

O fêjão minguano feitio um pavio de lamparina

Já tomo fazeno café cum rapadura

Tomem é uma diliça

Mais o Zeca o meu fio do meio

Tem probrema no intristino

E aquilo dá uma caganêra

Que inté imagrece o minino.

Mais nóis intende DEUS!

Tudo tem seu tempo

E vamo obidicê a lei do HOME.

Nóis num pode ismuricê

E eu acho que a isperança memo que miúda

Ela cresce e pode prusperá

E pro mais seco que isteije

A chuva vai chegá.

Óia.Cumo sô um cabôco de fé

Vô cavucá a terra e aperpará o campo

Agasaiá a semente e trocê pa mode chuvê

E sei que vô sê atindido

Inté vô cumemorá cum a Jandira e os minino

Dispois vamo à capela rezá.

Sei que vai sê uma fartura

Eu vô inté arripiá.

Dispois da oração

Vamo fazê uma franguim cum angu.

Inquanto a Jandira aperpara

Vô biliscano uma cachacinha

Riscano o dedo na viola

E cantá uma moda ranchêra.

Os minino no arvoroço da vida

Essa é a lida à nossa manêra.

Pode intè batê uma lombêra

Vô pegá a istêra

E aproveitiá o pedacin de sombra de Jiquitibá

Meu devê ta pronto

Já prantei, suei, rezei

Agora é sonhá cum a bonança.

Quem tem fé na vida

Um dia a vitóra arcança.

Iscuita!Iscuita!

Lá vem o vento trazeno ela!

Sinti inté o chêro dela

É a terra moiada, chêro divino

Vô pa paioça e vê tudo aconticê

Vai sê uma belezura!

Num importa os raio e nem os truvão

Quem tem DEUS ninguém sigura.

- Ô cumpade Otero! Que maravia!

A chuva ta aí...

Pode aperpará pa capinada!

Eu vô arreuni os minino

E vamo amolá as inxada

A isperança é gigante

E o sinhôre cumo vizin

A gente segue adiante.

Tudo vai agardicê.

O rebêrão, a passarada, a criação...

O cumpade Otero vai ficá numa filicidade só

A prantação vai ficá virdinha

Vamo tê uma coiêta daquez

Vamo rezá um telço pa São Jusé.

Juêi no chão, imoção, e dispois:

Muitia cumilança e rasta pé.

Que maravia!

Já oço o baruio da cachuêra

Meu rio canta nas corredêra

E o pasto agardiceno.

Daqui iscuito inté o Seu Onofre festejano

Acho quêle vai inté tumá uma cachaça

Do jeitio que quêle gostia...

Mais tomem cum o home num tem pirraça.

Já iscuriceu e vô dexá Deus fazê a parte dele.

Agora é Cuntinuá cum minha fé

Os minino ta ferrado no sono

Inté sonha cum as travissura no rebêrão.

Vô grudá nas custilinha da Jandira

Fazê um cafuné e tudo pode acunticê.

Nóis tem um fogo de vurcão

E a nossa paioça vai tremê!

Fé de cabôco é ansim.

Ele é temoso

Mais DEUS atende ele!

Inté!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 11/01/2019
Código do texto: T6548210
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