A Horta

Publicado por: Mestre Tinga das Gerais
Data: 19/12/2018
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

Na minha horta Tem um pé de saudade Pois para mim o que mais importa É ter felicidade Da minha horta Ouço o canto da Seriema Ao lado da pequena E sinto o cheiro da criação Arrepio... Com a sinfonia da passarada Recebendo a madrugada No compasso do meu coração Lá na cozinha O soberano fogão à lenha Todo em brasa e aquecendo O nosso bangalô A Teresa cantando feliz da vida E a criançada se acordando Como o desabrochar da flor Na minha horta A relva molhada É o caminho da nobre brisa Que perfu
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Minha Horta

MINHA HORTA

Na minha horta

Tem um pé de saudade

Pois para mim o que mais importa

É ter felicidade

Da minha horta

Ouço o canto da Seriema

Ao lado da pequena

E sinto o cheiro da criação

Arrepio...

Com a sinfonia da passarada

Recebendo a madrugada

No compasso do meu coração

Lá na cozinha

O soberano fogão à lenha

Todo em brasa e aquecendo

O nosso bangalô

A Teresa cantando feliz da vida

E a criançada se acordando

Como o desabrochar da flor

Na minha horta

A relva molhada

É o caminho da nobre brisa

Que perfuma a plantação

O João-de-barro

Apanha água e terra

Barro...

Para a sua singela construção

Na minha horta

A terra se abre de prazer

Ao ver a semente dengosa

Querendo

florescer

Na minha horta moço

A porteira sorri pro mundo

Quando faz-se abrir

Até parece as asas da borboleta

Num jardim florido

Ao mel invadir

Na minha horta

Passa um rio caudaloso

Que alimenta aos barranqueiros...

Rio elegante

e charmoso

Ele canta dia e noite

Na alma do canoeiros

Na minha horta

Sacio a minha sede

Debaixo dos Buritis

Mananciais cristalinos

Frutos dos dons divinos

Saberes que eu sempre quis

Na minha horta

Ouço a ponteio da viola

Faço versos com o vento

E ele me faz viajar

Em cada nota uma saudade

Em cada saudade um alento

Que faz o meu amor incendiar

Em minha horta

Em noite enluarada

Deito no colo da amada

E faço versos ao destino

Adormecemos

Um colado ao outro

Todo amor pra nós é pouco

É como um amor de menino

Na minha horta

Tem Mangaba,tem Ingá

E o saboroso Murici

Lá o Ipê abraça a lobeira

Aos olhos do pequi

Que deixa o seu aroma

Para felicidade do Bem-te-vi

Lá a Jaguatirica beija o Guará

O Tatu divide a sua morada

Com a doce Seriema

Nas madrugadas

O reluzir dos vaga-lumes

Que traz o encanto da brisa

Pra me aliviar dos queixumes

Na minha horta

Durmo com o barulho da chuva

E sonho com o verde

Da minha plantação

E bem antes

Do sol mostrar a tua cara

Este matuto aqui encara

O dia com devoção

Ao Santo fazedor de chuva

Eu peço proteção

Minha alma se agiganta

E os meus lábios à São José clamam

Em forma de oração

Minha horta,meu santuário

Minha raiz,meu rosário

Horta do meu aconchego

Paraíso de eterno sossego

Não preciso dizer mais nada

Estou esperando a água sagrada

Pra mode molhar meu torrão

Minha horta,seu moço...

É o meu idolatrado sertão!

Inté

Tinga das Gerais

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 07/11/2010
Reeditado em 10/03/2015
Código do texto: T2601855
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