Sertanejo do Pé Rachado

Publicado por: Mestre Tinga das Gerais
Data: 18/12/2018
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

Sô lá da roça moço! Sô do campo Sô da terra Sô cabôco Sô matuto Sô sertanejo do pé rachado Sô fruto desse chão bruto! Pálimo a pálimo Meu suore nesse chão Cavaco e agasaio a semente Quem tem amore É que sente Sua álima é quente Imbigo nesse turrão Meu doce e rico rincão Eu no mei da criação Frio, chuva e puêra Sina vida portêra Carro de boi e ribêra Silenço quebrado Pelo cantá do rio Cerrado fruto do tempo Meus passo no colo do istio. Sô lá da roça moço! Sô do campo Sô da terra Sô cab
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Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

Sertanejo do Pé Rachado

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

Pálimo a pálimo

Meu suore nesse chão

Cavaco e agasaio a semente

Quem tem amore

É que sente

Sua álima é quente

Imbigo nesse turrão

Meu doce e rico rincão

Eu no mei da criação

Frio, chuva e puêra

Sina vida portêra

Carro de boi e ribêra

Silenço quebrado

Pelo cantá do rio

Cerrado fruto do tempo

Meus passo no colo do istio.

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

Eu muinh a socá

Toc, toc,toc...

Paioça vida de bêra

Pra lá e pra cá

Fêjão da tuia

Farinha na cuia

No brejo a Saracura

Um lindo cantá.

O céu iscureceu

Pa mode chuvê.

A prantação agardece

O vento ispaia a nutiça

É um ribuliço bão de se vê.

Na Venda do Zezé

Cachaça pa cumemorá

E o ribêrá vai inche.

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

A lida é dura moço!Mais é maraviôso

Sinti o prefume do sertão

O fugão à lenha cuspino fumaça

E o meu coração

Tum, Tum, Tum...fazeno a marcação

É a força desse caipira

É muitia imoção.

A labuita mi faiz filiz

Levo pa cidade o fruito da lavora

Carrego no peitio o orgúio

Orgúio de sê catrumano

Pé fincado nesse chão

Verão, inverno, primavera e ôtono

No silenço da breu da note

Meu corpo cansado no sono.

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

Sole a sole

Meu suore nesse chão.

Cavuco e agasaio a semente

Quem tem amorê pela terra

É que sente

A sua álima é quente

Imbigo nesse turrão

Meu doce e rico rincão.

Eu no mei da criação

Frio, chuva e puêra

Sina vida portêra

Carro de boi e ribêra

Silenço quebrado

Pelo cantá do rio

Cerrado fruto do tempo

Meus passo no colo do istio.

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

Eu muinh a socá

Toc, toc,toc...

Paioça vida de bêra

Pra lá e pra cá

Fêjão da tuia

Farinha na cuia

No brejo a Saracura

Um lindo cantá.

O céu iscureceu

Pa mode chuvê.

A prantação agardece

O vento ispaia a nutiça

É um ribuliço bão de se vê.

Na Venda do Zezé

Cachaça pa cumemorá

E o ribêrá vai inche.

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

A lida é dura moço!Mais é maraviôso

Sinti o prefume do sertão

O fugão à lenha cuspino fumaça

E o meu coração

Tum, Tum, Tum...fazeno a marcação

É a força desse caipira

É muitia imoção.

A labuita mi faiz filiz

Levo pa cidade o fruito da lavora

Carrego no peitio o orgúio

Orgúio in sê catrumano

Pé fincado nesse chão

Verão, inverno, primavera e ôtono

No silenço da breu da note

Meu corpo cansado no sono.

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

O qui mais me dói

É vê o matuto male tratado

Pur todas as banda judiado

O guverno o iscardado

Da nossa intrega nesse chão.

Pimenta nos nosso zóio é refresco

Nosso risumo sem valore e sem preço

Mais num disanino não.

Sô naturale

Sô sem invenção

Sô terra servage

Mão calejada, cabo da inchada pelejá

Sô fogo na sina

E o caminhá me insina

Se Deus me inlumina

Pro quê me mudá?

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

Istrela e luá

O cantá da cachuêra

Vô sonhá cum as belezura

Das maravia do meu cantim

Eu rocêro prufissão sertanejo

Faço de tudo nesse sertão

Sô raiz desse paraíso

Istei dessa nação.

Sô neto do Remundo do Bento

Lá das banda de Contria

Da donde se sente o chêro

Da misteriosa raize da serra do Cabrale

Pro lá passa o Rio das Véia

Meu sangue freve nas veia

Pro lá pranto a minha roça

E a minha pele incendeia

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

Sô um matuto bataidô

Num temo o pirigo

O camim que sigo

É abençuado e levo fé.

Mata adento sô jiquitibá

Meus passo é Aruêra

Cum Deus na guia vô ao longe

O Meu sangue é de axé.

Meu berrante abrino a passage

Boiada sina boiadêro

Um causo im cada parage

Sô candeia luz istradêro

A vida distino viagem

Sertnejo sem paradêro

Pa cima pirigo corage

Meu rasto no disfiladêro

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

Num to aqui puracaso moço!

O Pudê do supremo me chamô

As mata fechada magia

Pelos sangue nos cafezá

Pelos gimido do meu avô

Teve tirania e pudê

Mais sempre fui risistente

E tenho orguio de sê lavradô

Óia !

Quando eu morrê

Quero uma cruis de Aruêra lavrada

Mi interra na curva da istrada

E pa qui todo mundo veja

Dêxá anssim iscrivinhado:

“Esse cabôco qui aqui discansa

É um sertanejo do pé rachado.”

Sô lá da roça moço!

Sô do campo

Sô da terra

Sô cabôco

Sô matuto

Sô sertanejo do pé rachado

Sô fruto desse chão bruto!

Inté!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 18/12/2018
Código do texto: T6529902
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