O Boiadeiro e o Tempo

Publicado por: Mestre Tinga das Gerais
Data: 17/12/2018
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Créditos

É o sertão No compasso desse matuto As mata inluarada Tem seu chêro e sabô. A viola ponteia a vida Eu ponteio a lida Em meu peitio cantadô. É o carro de boi Feitio o viulino Um sonho de minino Sê aboiado. Eu consolo o meu gado No colo da sodade E o gado consola a minha dô. Sertão adento A viola me acarma A portêra em m ‘ailma No arforje o meu amô. E nas curva da istrada Sou como um Colibri Deixo o meu bêjo na frô. Passo a passo Vô ao longe Que vontade da Maria Que no meu rancho ficô. O nobre

O Boiadeiro e o Tempo

É o sertão

No compasso desse matuto

As mata inluarada

Tem seu chêro e sabô.

A viola ponteia a vida

Eu ponteio a lida

Em meu peitio cantadô.

É o carro de boi

Feitio o viulino

Um sonho de minino

Sê aboiadô.

Eu consolo o meu gado

No colo da sodade

E o gado consola a minha dô.

Sertão adento

A viola me acarma

A portêra em m álima

No arforje o meu amô.

E nas curva da istrada

Sou como um Colibri

Deixo o meu bêjo na frô.

Passo a passo

Vô ao longe

Que vontade da Maria

Que no meu rancho ficô.

O nobre vento

Sussurra na crina

Do meu cavalo machadô.

Quem tem colo

Tem guarida

Mata a sede

Com ardô.

Minha paioça vai tremê

Em quem brota arripio

Espaia seu calô.

Sô boiadeiro, Seu Moço!

Num isquento o meu lugá

Tenho outra empreitiada

Que é o tôro aradô.

Desafiô a minha pionada

Aqui eu sô o camarada

Tamém sô amansadô.

Já lidei cum Jararaca

Burro brabo, sogra chata

Catirêro mintiroso

E valentão atiradô.

O meu laço é dobrado

Pode vim Tôro danado

Eu num temo bufadô.

Amanhã de madrugada

Vô fazê rasto na istrada

Cortá vale e chapada

E a Serra do Calô.

Vô levá ôta boiada

Quero vortá antes da festa

Do Cristo Redentô.

Vô incontrá os violêro

Pescadore, garimpêro

O cumpadre fuguetêiro

Vô carregá o andô.

A fé do meu povo é grande

Quem carrega sua cruz

Tem a luz do Criadô.

No seio do sertão

Topo quarquer parada

Faça chuva, ô faça sol

Sô um boiadêro sonhadô.

Nas Aruêra faço a minha parage

Traço o rumo da viage

Nas asa do Bêja-frô.

No silênço do breu da nôte

Vô sonhá cum a criação

Os vaga-lume a alumiá

Meu distino de amô.

Eu tenho o prazê

Em vê a vida acontecê

Sem me alimentá de dô.

Serra, cerrado

Paia, paioça

Rio, riacho

Roça, roçadô.

Vaca, vaquêro

Do campo o chêro

Desse esprendô.

Sô minêro

Minhas serra é azule

Sô istradêro, berrantêro

Tamém sô navegadô

Navego por entre rio e sintimento

No Véio Chico vejo o tempo

Sou das estóra, o contadô.

Inté!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 01/12/2017
Reeditado em 10/11/2021
Código do texto: T6187514
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