É o sertão
No compasso desse matuto
As mata inluarada
Tem seu chêro e sabô.
A viola ponteia a vida
Eu ponteio a lida
Em meu peitio cantadô.
É o carro de boi
Feitio o viulino
Um sonho de minino
Sê aboiadô.
Eu consolo o meu gado
No colo da sodade
E o gado consola a minha dô.
Sertão adento
A viola me acarma
A portêra em m álima
No arforje o meu amô.
E nas curva da istrada
Sou como um Colibri
Deixo o meu bêjo na frô.
Passo a passo
Vô ao longe
Que vontade da Maria
Que no meu rancho ficô.
O nobre vento
Sussurra na crina
Do meu cavalo machadô.
Quem tem colo
Tem guarida
Mata a sede
Com ardô.
Minha paioça vai tremê
Em quem brota arripio
Espaia seu calô.
Sô boiadeiro, Seu Moço!
Num isquento o meu lugá
Tenho outra empreitiada
Que é o tôro aradô.
Desafiô a minha pionada
Aqui eu sô o camarada
Tamém sô amansadô.
Já lidei cum Jararaca
Burro brabo, sogra chata
Catirêro mintiroso
E valentão atiradô.
O meu laço é dobrado
Pode vim Tôro danado
Eu num temo bufadô.
Amanhã de madrugada
Vô fazê rasto na istrada
Cortá vale e chapada
E a Serra do Calô.
Vô levá ôta boiada
Quero vortá antes da festa
Do Cristo Redentô.
Vô incontrá os violêro
Pescadore, garimpêro
O cumpadre fuguetêiro
Vô carregá o andô.
A fé do meu povo é grande
Quem carrega sua cruz
Tem a luz do Criadô.
No seio do sertão
Topo quarquer parada
Faça chuva, ô faça sol
Sô um boiadêro sonhadô.
Nas Aruêra faço a minha parage
Traço o rumo da viage
Nas asa do Bêja-frô.
No silênço do breu da nôte
Vô sonhá cum a criação
Os vaga-lume a alumiá
Meu distino de amô.
Eu tenho o prazê
Em vê a vida acontecê
Sem me alimentá de dô.
Serra, cerrado
Paia, paioça
Rio, riacho
Roça, roçadô.
Vaca, vaquêro
Do campo o chêro
Desse esprendô.
Sô minêro
Minhas serra é azule
Sô istradêro, berrantêro
Tamém sô navegadô
Navego por entre rio e sintimento
No Véio Chico vejo o tempo
Sou das estóra, o contadô.
Inté!