Nada Vou Levar

Publicado por: Mestre Tinga das Gerais
Data: 07/12/2018
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

Ah!Como amo! O meu pedaço de chão! Aqui nasci Aqui quero morrê Herança do meu veio pai Que eu nunca hei de isquecê. Dessa vida nada se leva Num vô levá furtuna Tampôco terra Muitio menos a herança Sô um cabra de fé E num tulero a ganança. Fiz um pidido à Ambrósa pa quando eu morrê: - Pindura na parede da sala Minha capa a o chapéu Ao lado do nosso retrato Já marcado pelo tempo E ocê linda de véu. A minha cartuchêra E o istimado berrante Intrega ao nosso fio Cici.
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

Nada Vou Levar

Nada Vou Levar

Tinga das Gerais

Ah!Como amo!

O meu pedaço de chão!

Aqui nasci

Aqui quero morrê

Herança do meu veio pai

Que eu nunca hei de isquecê.

Dessa vida nada se leva

Num vô levá furtuna

Tampôco terra

Muitio menos a herança

Sô um cabra de fé

E num tulero a ganança.

Fiz um pidido à Ambrósa pa quando eu morrê:

- Pindura na parede da sala

Minha capa a o chapéu

Ao lado do nosso retrato

Já marcado pelo tempo

E ocê linda de véu.

A minha cartuchêra

E o istimado berrante

Intrega ao nosso fio Cici.

Ele sabe dos ataio

É o meu herdêro

E num vai saí daqui.

A sela e a ispora de prata

Pode amarrá na portêra

Vai infeitiá seu rangê.

No vai e vem da lida

Ela abre a guarida

Pa te protegê.

Meu cachorro pirdiguêro

Amigo inseparave

Intrega ao cumpade Nonô.

Cumpanhêro e parcêro

De todas as impreitiada

E um grande caçadô.

Dibaxo da Gamilêra

Junto da carroça

Dêxa o carro de boi.

Ele sabe da fartura

E que nossa bataia foi dura

E o tempo se foi.

Diga pa passarada

Pa num minguá o seu canto

E fazer filiz todo arvoricê.

Como é linda a canturia!

Parece inté os anjo

Cantano a Ave Maria.

Num se isqueça de pidi

Ao nobre Bem-ti-vi

Pa avizá a vizinhança.

Tenho muitios amigo

E quem pranta o amô

Cói a bonança.

Esse colá que carrego

Naquela corredêra

Cum muitio cuidado pode sortá.

A água do rio tem norte

E ele sempre me deu sorte

E vai pros braço de Iemanjá.

O meu laço de côro

Pindura no Jiquitibá

Que o Cici vai prantá.

Im cima da minha sepurtura

Ao canto da Saracura

Adonde vô reposá.

Inhantes que eu isqueço

E tamém vê se mereço

Vô te fazê o último pidido.

Num casa cum ninguém Ambrósa

Vô arreservá procê lá no céu

Um cantin pa ficá cumigo.

Num quero levá o orgúio

Nem tão pôco o ódio

Meu coração de amô vai cheio.

Chei de lembrança boa

Quem ama num magôa

Isso pa álima é recheio.

Dessa vida nada levo

Num sô de palavrão

Mais pode me interrá pelado.

E se fô primavera nesse lindo sertão

Infeitia meu caxão

Cum as frôre do cerrado.

Nada levo

Mais fica a minha istóra

Esse meu rincão amado!

Inté!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 03/12/2017
Reeditado em 20/07/2018
Código do texto: T6189302
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