Acabo de voltar do parque com uma história para contar.
Vinha eu tranquilamente caminhando por uma trilha de mata atlântica verdinha e bem fechada, atenta aos gorjeios de lá.
De repente fui interpelada por uma senhora acompanhada de seu provável neto, um garotinho de no máximo tres aniversários.
-Oi, você viu o "Lobo -Mau" por aí?
Como fui pega de surpresa, devo ter feito uma expressão de dúvida quanto à melhor resposta.
Cochichei a ela:
-O que devo responder?
Piscou-me o olhar e assentiu com a cabeça.
-Ah sim, mas o lobo-mau? perguntei com os olhos arregalados para o garôto...
-Sim titia, aquele lobo-mau "bonzinho", da chapeuzinho vermelho...
-Ah, vi sim, passou por ali ó, mas nem ligou para mim...
E segui na minha trilha pensativa.
Senti o episódio quase como uma fábula.
Como não concordo muito com essas estórias infantis de monstros, fantasmas e lobos terríveis que engolem vovozinhas, entendi perfeitamente a defesa do garotinho através da sua antítese.
Mas na verdade, parei para pensar nos lobos maus "bonzinhos"da vida da gente.
Eles realmente existem e estão sempre por perto. Os que engolem as vovozinhas são inofensivos pois estão contidos nas páginas infantis.
Os "lobos do Homem" estão por aí...sob a pele das ovelhas...