PRAZERES PERVERSOS
A roleta girou, girou, girou. E a bolinha caiu no número treze, decidindo o próximo passo de Eva. Ela e o tal sujeito atraente saíram do cassino e caminharam algumas quadras ao longo da avenida. Eva sentiu um longo arrepio percorrer suas costas, ao pensar em Pier Paolo naquela elegante suíte, aguardando ansioso sua volta. O risco de ser flagrada pelo noivo era um prazer quase tão grande quanto traí-lo com um estranho num quarto de hotel a poucos metros de onde se hospedara com o conde italiano. Nada — nem ninguém — a excitava tanto quanto o perigo.
Judite caminhava a uma curta distância do casal, e decidira fotografar os dois com seu celular. Ainda que estivessem de costas, a silhueta de Eva seria inconfundível naquele figurino. No instante em que a mulher e o desconhecido entraram no hotel, Horácio recebeu a foto enviada por sua secretária. A imagem não tinha muita nitidez. No entanto, Horácio sabia que Judite tentara fazer a coisa certa. No meio de uma história repleta de traições e mentiras, não deixava de ser irônico pensar que alguém se preocupara com isto.
Quando Horácio mostrou a fotografia para Martha, em vez de lamentar a qualidade da imagem, ela disse:
— Quem precisa de foto? Se aquela vadia está no hotel com o cara, eu mesma vou levar Pier Paolo até lá. Nem que seja arrastado.
NOTA DA AUTORA: Para melhor entendimento da trama sugiro a leitura dos episódios anteriores numerados por capítulos.
(*) IMAGEM: JEANNE MOREAU