Sabem com são as coisas, quando a fofoca cai na “boca pequena”, não adianta tentar desmentir.
E foi assim que ocorreu com aquela casa no pé da serra.
Vovó Filomena era daquelas avós corujas! Já tinha vários netos e bisnetos e a todos os finais de semana, os reunia junto de si para lhes contar as estórias de fadas e lhes fritar os croquetes de queijo da fazenda, que devoravam com avidez.
Quando chegava lá pela meia noite, ia logo ordenando:
-Todos já para a cama! E não se esqueçam do PAI NOSSO!
E assim era.
Só que corria pela região, que a casa da vovó era assombrada, e que lá morava o espírito do Papai-Noel.
Tal estória se devia ao fato de que, apenas nos dias em que as crianças lá estavam e apenas naqueles dias, ouvia-se durante a noite, com hora marcada, uma melodia de natal que acordava a todos... “Jingle bels...jingle bels”. E Pipoca latia desesperado...
E era verdade.Vovó também a ouvia...mas calmamente explicava aos netinhos:
-Bobagem crianças, assombrações não existe! Todo fenômeno tem uma lógica...
Acontece que povo e criança não entendem de lógica fenomenal, e assim que a música tocava...todos tiritavam de medo. E a estória rolava...
Mas em toda turma sempre tem um herói, certo? E naquela casa, tinha o Joãozinho.
Medroso como ele só, resolveu se tornar herói e desmascarar o fantasma.
Certa noite, logo que pegou o último cobertor da pilha de dentro do armário, ouviu o mistério...Jingle bels, jingle bels...
-Vovó, vovó, o fantasma está dentro do guarda roupas! Todos acordaram e correram para lá...abriram a porta do armário...e...adivinhem o que era?
Um desses cartõezinhos de Natal que ao se abrir toca aquela musica movida a bateria.
Inacreditável...porque era um cartão que vovó ganhara do namorado, o vovô, e guardava sob a pilha de cobertores.Quando Joãozinho tirou o peso da última coberta...o cartão se abriu e tocou!
-Viram só crianças,era um fenômeno da física...
Mas como lhes falei no início do conto, fama feita...jamais desfeita!
Agora todos dizem que foi o “fantasma do amor”...que fez a bateria durar a vida toda...
(Conto inspirado num fato verídico...uma vovó me contou do episódio do toque do tal cartão de natal!)