“Gravata” era um ratinho muito especial, daqueles de “gravata lavada” e colarinho bem branquinho.
Educado, cortês e elegante...sonhava em ser gente.
Todas as noites, saía dos bueiros da cidade e passeava pelas calçadas do seu bairro, encantado com as coisas boas da vida.
Sua mãe, a dona Ratazana, muito assustada com ambição impossível do filho, não cansava de lhe explicar:
-Gravata meu filho, você é rato! E isso não vai mudar nunca!
-Mas mamãe, sou um rato diferente!Sou o rato Gravata! Tomo banho todos os dias,uso cartola, sapatos de couro, luvas de pelica, estou na escola...e até escovo os dentinhos! Posso ser gente sim, mãe!
Mas dona Ratazana sabia que por onde o Gravata passava deixava o seu cheirinho... de rato.
Não queria magoar o filhinho, mas já era rata antiga e sabia das coisas...
-Gravata meu filho, os ratos cheiram a bueiros...
Então, gravata que era muito inteligente, tentou disfarçar o seu problema.
Certa noite, entrou numa loja de perfumes franceses, os melhores do mundo, e se perfumou com cada um deles, certo de que resolveria o seu cheirinho.
Mas não adiantou.
Embora bem perfumadinho, Gravata continuou a ser rato!
E eu sempre o vejo por aí...mais rato do que nunca.
Assim foi que mamãe Ratazana lhe ensinou que: mesmo o melhor dos perfumes jamais disfarça a nossa verdadeira essência.