Pareciam felizes no retrato que decorava o criado-mudo. Talvez tenham sido por algum tempo. Clarice encontrara Manuel há dez anos. Nunca imaginou que poderia suportar tanto, embora nada doesse mais que a certeza de que permaneceria ali. As constantes grosserias do marido a conduziram a um mundo áspero, sem desejos. Numa noite de lua cheia, Clarice saiu de casa. E foi morar no quintal. Não disse mais uma só palavra. Apenas latia. Exatamente como a cachorra que seu marido acreditava ter ao lado.