Eu esperei e esperei
Eu cansei de esperar
Levantei-me eu despertei
As asas estavam cansadas
Mas tinha que continuar
A noite se aproximava
A voz continuava um gemido interior
Era o que me motivava
Os homens ao longe
Despidos do amor
Destituídos de dignidade
Não enxergavam a verdade
A altivez os ofuscava
O vapor da maldade formava nuvens densas e escuras sobre suas cabeças
Possuíam ouro prata, muitas riquezas
Incalculáveis riquezas
No entanto a apatia preenchia os corações
Canções entupidas de notas complexas
Todavia vazias de sentimentos
Escolas racionais de cálculos e teoremas
Leis e obrigações
Sábia ignorância
Parei novamente
Observei do alto de um prédio
Multidões de humanos solitários
Vassalos do tempo
Relógios espalhados pela cidade
Ditam seus passos.
E o que antes lhe parecia estúpido
Hoje é normal
E o que hoje é habitual
Já mais aconteceria a algumas décadas atrás
Os humanos vivem as lembranças e experiências do passado, vivem e sonha a esperança do futuro e esquecem que a vida acontece agora que o presente é o futuro do passado mesclado na memória de cada um
A noite se aproxima as vozes continuam.
Tento encontrá-las no interior das mansões, nos prédios, sem sucesso avisto uma rua abandonada no canto da cidade, esquecida pelo progresso, Varias crianças brincando sorrindo, homens de poucas roupas e descalços com o semblante iluminado pela humildade e quase sem maldade dividem o pouco que tem. Apesar de tudo são felizes. Mas não percebem a sua riqueza e tentam a todo custo serem inseridos no padrão de vida “digno” ,querem fazer parte do normal.
O sistema cria estruturas, ciclos de dependência atraentes e insaciáveis, quanto mais, melhor e o muito nunca é o bastante,
e quando já possuem tudo, o tudo deixa de ser atual e dá lugar a novas formas
A noite chega.. Mas eles não param.. As luzes artificiais começam acender..As usinas ainda trabalham e os carros ainda circulam. A lua brilha intensa no céu..mas ninguém a vê ...
Uns dormem, outros tentam, alguns maquinam formas de conseguir coisas, coisas que são cuspidas nos outdoors, são empurradas nas laterias dos ônibus, são embutidas nos intervalos das novelas.
O governo imprime mais notas pra pagar suas dividas, nascem novas, a inflação atinge maiores e menores, o crime acontece, resultado de uma sociedade mal estruturada, resultado das novas formas de produzir, Resultado de resultados que se acumulam. As lentes cortam fatias dos acontecimentos, Os culpados não parecem culpados, As vitimas não são as vitimas, o verdadeiro erro nem sempre é de quem errou.