Ao ouvir o estalar da lenha seca, quando o fogo começava esquentar o fogão, fui tocada pela graça do momento, viajei para um lugar distante. Por minutos me retirei para o interior suave de um sonho.
Ao fechar os olhos eu vi outra vez minha vó paterna... Da janela, ela aspirava o ar perfumado e espiava o azul do céu que oscilava entre tons diversos. O tempo estava fresco e a tarde silenciosa.
A brisa que soprava suavemente da serra, trouxe para ela as primeiras notícias do jasmineiro que se espichou por cima da cerca.
Vó Benvinda, acordava primeiro que o sol e logo se sentava ao tear, entre lãs e linhas, arremessava a lançadeira de um lado para outro, enquanto batia os pentes do velho tear para frente e para trás, vó tecia o sustento de sua família.
Quando abri os olhos, tive a impressão de ter estado lá, senti o perfume dos jasmins...
*Minha avó paterna, foi tecelã, ficou viúva ainda jovem e criou seis filhos com seu trabalho. Morava na roça nos meados do século passado, não sabia ler mas fez questão de que todos os filhos aprendessem ler e escrever. Ela quem escolheu meu nome, éramos muito unidas. Vó amava flores... Principalmente jasmins.