A guerra findou-se, os que amou, poeira; seus companheiros de batalha cadavéricos pelo chão, banqueteiam as aves carniceiras e os vermes vorazes que borbulham pelas carnes mortas. Cambaleante com feridas por todo o corpo, coberto de sangue e uma flecha entranhada no músculo da perna, queimando, mas não mais que fulgor da alma derrotada. Seu olhar é turvo, visões do passado se chocam com o presente, mas destruição é só que há em frente.
Eis que surge dançando por meio das carniças, a dos mortos a promíscua, morte. Que lhe estende a mão branca e bela convidando-o a deitar-se. Renegada se torna pelo mortal, transformando-se em tentação, transformando-se na porta do outro mundo com a amada lhe estendendo a mão. Qual homem não chora quando a derrota, a fraqueza e a morte, dançam e balançam seus sentimentos e pensamentos empurrando de um lado para o outro, esperando cair para abocanhar, devorar.
Mas perante a tentação, a ilusão transcendental, o cavaleiro prossegue deixando em dúvida a Deusa do sono eterno, que profere:
- Mortal, vês teu futuro?
É dor, sofrimento, destruição.
Não ira longe não tente ser duro.
Aceite tua condição!
Uma-se com quem ama!
A terra agora é tua cama.
O cavaleiro responde:
- Se nem tu ó poderosa!
Sabes explicar por que insisto.
Estou ciente da trilha desgostosa.
Mas nem eu explico por que não desisto!
A morte dança e esclarece antes de partir:
- Se não há sentido, não há razão!
Jaz um cadáver em decomposição!
Me renegue, fuja, ponha-se a andar!
Cedo ou tarde, noite ou dia, virei lhe beijar!
Só terei aceitação!
E pela avermelhada luz do sol nascente o guerreiro continua cambaleante, não sabe por quê; Mas não se sente um morto como proferiu a Morte, não há sentido, não há razão, mas enquanto poder viver procurará respostas para esta questão. Que tenham paciência no mundo eterno, se é que existe um, mas entregar-se não, que maldita morte lhe arranque a vida com a força se for capaz!