COISAS DA VIDA
Sentei-me à sombra de uma frondosa árvore. o vento veio mansinho me acariciar o rosto; fechei os olhos, levantei a cabeça e o convidei a permanecer, a se alongar, naquela carícia suave. Ah! Como ele sabia fazê-la... Os meus cabelos subiam e desciam, num bailar como se fossem pipas soltas ao vento... Nesse momento, docemente, comecei a balançar a minha cabeça para um lado e para o outro, fronte erguida, alma agradecida.
Ouvi o canto dos pássaros, eu sorvia a natureza... Um pássaro voou baixinho, em minha direção, fiquei estática, prendi à respiração. Chegou dando pulinhos graciosos, até aos meus pés; só os meus olhos se moviam. Eu, não queria perder nada daquele momento gracioso e singelo.
Foi assim, por momentos.
Um grupo de crianças se aproximou, gritando, sorrindo, pulando, correndo... O viço da vida em ação.
Observei um garotinho eufórico e sorridente, que gesticulava e falava muito alto... feliz, agarrado ao pescoço, do seu pai com o corpinho esticado sobre as suas costas.
O jovem pai o segurava pelos braços e se fazia igualmente criança. O pequeno gargalhava e falava alto: – Como você é forte, pai! Vai até a jaqueira... vai pai!
O jovem pai o satisfazia com alegria.
Lembrei-me do meu vizinho: Sr. Elias, morador de um dos apartamentos do primeiro andar, do prédio em que moramos. Vítima de paralisia nos seus membros inferiores.
Certa vez, ao chegar ao nosso prédio presenciei algo, que ficou forte em mim: O Sr. Elias acabara de chegar com o seu filho da terapia. Ao retirá-lo do carro, Kleber, o filho do Sr. Elias, o carregou às costas, da mesma forma que o pai daquela criança tinha feito... O elevador estava em manutenção.
Ouvi o homem falar para o filho, chorando: – “Antes eu te carregava às costas, filho... Hoje, tu o fazes!