Começou suavemente um pensamento fixo em sua mente.
De início apenas brincadeira, mas logo o pensar ação haveria de virar.
Josefa trancou-se no banheiro e aprontou-se para o banho costumeiro.
Em cima da pia, vejam só! A navalha velha de seu pai.
Pensou Josefa com sua mente o velho pensar executar.
Tomou com as mãos a velha navalha e a lâmina afiada observou.
Encantador, simplesmente encantador!
Josefa deixou-se seduzir permitindo que o objeto cortante encosta-se a sua pele.
A sensação era agradável!
Com a mão direita, passou o gume sobre o pulso esquerdo sentindo um leve ardor.
Pontilhados vermelhos brotavam a parte externa da derme, isso fez com que Josefa aumentasse a intensidade das passadas.
Aos poucos o ardor passou e internamente Josefa sentia uma estranha sensação de euforia, prazer e liberdade.
Olhou para seu pulso e assustou-se com a possibilidade de alguém ver os cortes e pensar que ela queria atenção para si.
Agachou-se entre a parede e a pia, olhou para parte interna de sua coxa e atacou-a com ferimentos cada vez mais profundos.
Josefa não se contia. Com os membros inferiores ensangüentados, levantou-se perplexa a situação.
Teve a sensação de que o ar havia sumido!
Fitou os olhos no espelho, vieram-lhe as lágrimas e uma incrível dor amarga. No intuito de calar a solidão, Josefa degolou-se tornando tudo sem sentido para si e para o mundo.