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NO PAÍS DOS AMANTES---***
Anoitecia no país dela, e o sol se preparava para o descanso sepulcral, das horas que o afastava do seu novo renascimento.
As folhas nas copas das árvores balançavam no mormaço do vento quase imperceptível e os pássaros em algazarra disputavam nos galhos um lugar para repousarem.
Ela em sua ansiosa agonia andava de um lado pro outro na sala iluminada pelas lamparinas dançantes lhe oferecendo a chama para mais um cigarro.
Já era o décimo que ela acendia e seu moço não chegava.
Fervia-lhe o chão sobre os pés, e ela via o rastro marcado pelos seus passos aflitos.
O som dos grilos em sua cabeça grilava palavras repetidas: "Ele não vem, ele não vem"
Afasta num tranco só, a cortina da janela e olha o tempo, escorrendo dentro dela.
Nenhuma poeira, nem um zunido das cigarras cantoras anunciando que seu inverno estaria acabando.
Pensava ela quem sabe ter nascido santa, ter o dom da bi locação e num lapso de pensamento
encontrá-lo na rosa esmaecida daquela velha canção.
De olhos pregados no nada, avistou descendo a ladeira o menino que vinha apressado em seu burrico cansado.
Quanto mais chegava perto, ia ficando moço, de moço ficando moço, moço chegou dentro dela.
Trouxe na mão, viçosa rosa escarlate, que só existia no país dele, e quando atravessou a porta da casa, do país que era dela tomou-a em seus braços de moço, e num longo, longo beijo, em seu amante se transformou.
Ela, num toque de Midas, roubou a chama das lamparinas lhes ascendendo o amor, jurou ser para sempre só dele, em juras apaixonantes.
De tanto, tanto esperar até seu nome lhe entregou.
O grilo que grilava nos pensamentos dela, entoou nova fala: "Ele veio, ele veio, ela é dele"
E no país que era dela, no dele se concretizou fez-se hospedeiro constante e eternamente amantes.
