Quando ela me deixou
Despertei triste e chocado. Busquei por ela, mas não estava mais!
Como a manhã foi triste sem suas falas agitadas e cheias de novidades, sem suas feições elegantes e sempre bem compostas, sem seus movimentos corriqueiros, porém jamais banais.
De repente, ao tomar consciência daquele espaço em minha vida que ela preenchia e do qual se ausentara, notei o quão grande era sua dimensão em minha existência.
Arrependido, julguei-me ingrato. Com os olhos vermelhos e perdidos no vazio que ela deixara, fitei todo passado cheio da indiferença à qual tantas vezes a releguei. E, a despeito disso, ela sempre fora fiel e prestativa.
Só então, quando me dei conta de sua ausência, percebi que ausente fui eu, que não lhe dera toda a atenção merecida. Minhas idéias voavam soltas e não conseguia sequer imaginar como seria a vida sem ela.
Chorei por dentro. Sofri calado. O sentido de que sua falta era torturante me assolou com uma amargura atroz.
Eis que, para meu alívio, o sinal voltou e a TV tornou a funcionar normalmente. Ufa! Que alívio!