Não preciso que me digam
que a coisa é esquisita,
feito jogo de roleta
uma esperança maldita.
Não desejo que me sigam,
eu não posso aliviar
as dores deste planeta
que agora me faz chorar.
Eu sou parte do problema,
sou um dente da engrenagem
que vacila no dilema
se sentença ou se poema,
se covarde ou se coragem,
se esperto ou picareta.
De bengala ou de muleta,
eu sigo minha viagem.
No mundo que inventei,
que existe dentro de mim,
brilha o sol de um sorriso
e luzes de camarim.
No real da fantasia,
o sonhar sempre é preciso
como som de cantoria
que nasce do improviso.
Contra o vento caminhando,
propondo minha magia,
vou soltando minha voz,
dando minha garantia
de que o tempo vai passando
leve, solto e veloz.
Vai lá no fundo soprando
perfume dentro de nós.