HOMEM DE FÉ

A barriga vazia, a pele no osso

A labuta diária, a secura do poço

As rugas na cara quando ainda moço

O bagaço da cana é a vida lhe resta

A faca na alma, a dor que não cessa

O sol retirante, a sede da terra

Vida Severina o coração descalço

Sola resistente queimada no barro

Taipa é o sobrado que Deus lhe mandou

A fé a riqueza que nunca faltou

A palavra é o trilho que sempre andou

De que serve a posse sem nosso senhor

Nessa vida de gloria e expiação

O exemplo do filho é sua condução

Mesmo sem ter posses evita o pecado

Pois a providência não manda recado

O reino que ele espera não tá no sertão

Nas grandes cidades nas coisas do chão

Só vê quem enxerga com a lenta da alma

Livre de vingança, de ódio ou mágoa

Taipa é o sobrado que Deus lhe mandou

A fé a riqueza que nunca faltou

A palavra é o trilho que sempre andou

De que serve a posse sem nosso senhor