Ela me olhou, fez que não ouviu
Me ignorou, onde já se viu?
Mina marrenta, tá de brincadeira...
Ela me esnobou duas vezes, três
Não desanimei, tentei ser cortês
Fugiu de mim quase a noite inteira.
Nem toda graça, nem a cachaça,
Nem a fumaça que a noite embaça,
Nem mesmo o parça, nem a pirraça
Me livrariam, eu era a caça...
Ela me chamou pra dançar, eu fui
Sabe essas noites em que tudo flui?
Tava ferrado de qualquer maneira...
Ela me agarrou, fez o que entendeu
Ela me amassou, ela me acendeu
Como não queimar naquela fogueira?
Nem outra chama, nem outra dama,
Nem a má fama que me difama,
Nem mesmo a Brahma, nem muita grana
Me salvariam da tua cama...
Eu estava perdido, ela me encontrou
A flecha do cupido veio e me acertou
Descobri o meu rumo, meu prumo, destino
Hoje eu sou um homem, ficou pra trás o menino.
Minha mina de fé, o meu cais de sossego
Meu porto seguro onde atraco sem medo
Minha mina de ouro, a água que beberei
Meu lugar de repouso, sei que não temerei.
Meu castelo, meu reino, canção de ninar
Enquanto for vivo prometo te amar.
Os sonhos que tenho, fantasias mais belas
As batalhas da vida eu luto por ela.
Ela me adotou, me botou nos trilhos
Logo eu bicho solto, livre e andarilho
Nem acredito que fui fisgado...
Ela me amou como ninguém antes
E ser amado assim é tão contagiante
Que eu só podia estar apaixonado.
Nem outra bela, mesmo donzela,
Nem da novela, nem mesmo aquela,
Nem Cinderella, nenhuma delas
Porque eu só vivo por ela.