Em novembro do ano de 95 terminei uma canção chamada "Shangri-lá", tema criado sobre a famosa obra do escritor James Hilton, " Lost Horizon", ( Horizonte perdido), um clássico mágico da literatura mundial , escrito em 1933, quando James tinha apenas 33 anos.
Sempre achei a obra muito interessante e inteligente , cujo tema nos leva a uma aldeia no alto do Tibete , onde as pessoas não envelheciam , e lá acontece o romance entre uma "manchú" e um turista perdido ( pouso forçado ), até que a realidade rompe o romance , é quando esse jovem tenta levar a moça ao seu mundo , e ao fim da descida da montanha ela chega já idosa e sem vida , o que nos faz refletir sobre o egoísmo de nossos desejos, e a inquietude da alma humana.
A obra é muito bonita, em Shangri-lá havia de tudo, e podiam caminhar em jardins imensos, salões bem decorados, frutas e poesias, um povo gentil e hospitaleiro, porém com as suas regras e filosofias . Lá o tempo nunca passava e as pessoas não envelheciam. Este é o ponto a que James se apoia em ideias, nos valores físicos e na ilusão que temos , cegando-nos ao longo da vida aos verdadeiros valores .
Quando li esta obra eu tinha por volta de 20 anos, não mais, porque me lembro de estar lendo o livro no ônibus fretado da empresa Ford, que saia do Largo de Pinheiros e nos levava a São Bernardo do Campo, e eu era bem jovem e estudava a noite , me restando pouco tempo para os livros não escolares .
Como já havia dito, o tempo é criação do homem, ele incomoda , nos traz regras e disciplinas, métodos que engessam , massificam, e são no fundo irracionais, pois sempre cometem injustiças pela pressa de julgar antes do concluído e do analisado, o homem é o único ser que constrói a própria mortalha.
Provavelmente eu poderia responder as perguntas feitas ao meu respeito, e se não respondesse a alguma é porque certamente a pergunta não era para mim, seria a questão de um inquisitor.
O homem é assim, quanto mais fere , mais se auto flagela. Não sabemos decifrar tudo, e nem podemos almejar tal coisa, humildemente devemos aceitar o topo do que nos foi permitido ter e saber. Queremos tudo porque o espírito humano é inquieto, e quando temos a felicidade e a paz, achamos que mesmo assim ainda falta algo .
Amamos as pessoas como elas são , como sólidas partes de nós mesmos , e a queremos ligadas a nossa pessoa, porque gostamos de compartilhar sentimentos , isto nos alimenta.
Fechar-se em convicções próprias é uma armadilha para o fracasso , assim como tentar o mundo a nossa volta, a realidade sempre leva a caminhos desconhecidos , e a verdade sempre se mostra como é , as vezes com sofrimentos e perdas.
" Lá, existe um bom lugar
Onde o tempo nunca passa,
Onde as pessoas não envelhecem
Um bom lugar existe lá...
Eu vou viver em Shangri-lá
Eu vou viver...em Shangri-lá.
Sua entrada é uma fenda
E lá a paz nunca se acaba
Onde este mundo é uma lenda...
E onde o sol nunca se apaga
Eu vou viver em Shangri-lá
Eu vou viver...em Shangri-lá
E nos jardins a claridade
Encontro as saudades
Que me faz assim refletir...
E neste canto a realidade
Que me traz a tempestade
E o tempo disse sim...
Eu vou viver em Shangri-lá...