(Milonga)
Letra: Ivonir Leher
Música: Luiz Felipe Cornel
De tardezita, no silêncio do meu rancho
O Sol se alarga, p’ra adormecer no poente
Uma tristeza, se aquerencia no peito
Parece até que o coração se fez ausente.
Não é saudade, nem é dor de despedida
Não é a ferida, de um amor que foi embora
Só quem tem n’alma, estas visagens do campo
Sabe o que eu falo, o que se sente nesta hora.
Um quero-quero, bem longe, quebra o silêncio
Como um prenúncio, de quem trás noticias boas
O grilo orquestra seu canto, saudando a lua
Que se olha nua, no espelho da lagoa...
E uma milonga, falando das coisas simples
Que algum poeta, num fim de tarde escreveu
Canta a querência, do jeito que eu conheço
E o rádio toca, p’ra embalar os sonhos meus.
A noite chega, e entra sem pedir licença
É nesta hora que nos bate a solidão
Talvez um dia, uma china e um piazito
Encontre abrigo neste xucro coração.
Por certo a vida, nestes fundões do meu pago
Por ser tão simples, nos aflora o sentimento
Não tenho pressa de buscar novo caminho
Cevo outro mate, p’ra prosear com o pensamento.
* Classificada no 2º Canto à Dom João Luiz P. Santos, São Gabriel, julho de 2004.
* Gravada no CD "Sentimento", de Evandro Marques, Studio Master Gravações e Produções, Setembro de 2006.