"Mar e vento" é uma canção feita em março de 2008, logo após ter saído da minha empresa , onde trabalhei por quatro décadas.
" Mar e vento , vento e mar
Nestas ondas a singrar
Uma vida e tanto sol,
Com muita água ao meu redor
Vem a noite , e cai a luz
Luar e estrelas que nos conduz
Não há portos para ancorar
Porque este mar já é a minha paz
Mar e vento, vento e mar
É o que preciso pra navegar
Já não importa porque voltar
Se as respostas estão no ar
O mar é vida, e é de ninguem
Por isso é teu, e é meu também,
Não é preciso recomeçar,
Bastando apenas, continuar
Mar e vento, vento e mar..."
Havia acabado de sair da Ford após um longo convívio, e por vontade própria.Agora tinha que me acostumar com a vida fora da redoma.
A minha vida, assim como a das pessoas, se parece a um barco navegando pelo oceano imenso,e dá muito medo ao fundo, e nunca sabemos ao certo se estamos certos, ou preparados.
Tentei mostrar coragem, determinação, simplicidade e valores que nem sei se os tenho, ou se algum dia os tive. Há muita vida a ser vivida, esto é certo, muito sol e luz, e o meu barco ( que é só meu), é muito pequeno e simples, porque todos os barcos tem apenas o seu próprio remador .
Falamos em recomeços, mas são sequências distintas, com direito a refazer diferente, tudo é novo e as vezes parecido, como todas as folhas da ramas que caem de maneira diferente uma das outras, nada é ou continuará sendo exatamente igual.
Meu barco saiu do porto depois de tantos anos, de cobranças em troca de pão e moradia, talvez um dia o homem perceba que não sabe mandar em outro homem, pois não possui sabedoria suficiente, e mesmo depois desse tempo todo, percebo que a minha alma permaneceu livre e rebelde, mesmo sob controle.
Os portos não são tão importantes quanto o navegar, e como disse o poeta " navegar é preciso, viver não é preciso...", e isto tem um profundo significado poético, que se refere a paixão e liberdade do pensamento, o arbítrio.
O mar é de todos, imenso, sem dimensões , conviver é necessário, se submeter não. A liberdade mora dentro de nossos sentidos, e pulsações.
O olhar da igualdade é realmente uma tarefa difícil ,compreendo, pois nascemos em uma sociedade hierarquica, mas o exercício de tentar deve ser feito até o nosso último suspiro, assim agradecemos ao criador.
Quando a noite vem, e cai a luz , não devemos temer a penumbra, pois mesmo assim temos os pequenos astros que vem ao nosso encontro, e esses astros são as motivações que guardamos ao longo do tempo, e que nos auxiliam nos momentos difíceis, iluminando uma rota.
Tantas vezes nos acovardamos porque somos humanos, imperfeitos, e não percebemos a grandiosidade do existir, e do verdadeiro sentido da palavra liberdade.