Rapariga...
Vejam bailarina
Da calçada,
Dança nas renúncias,
Dessa vida
Vaga pelas noites
Estreladas,
Numa passarela,
Colorida
Carrega um cheiro
Doce inebriante,
Seu corpo tem que estar,
Sempre a sorrir
Esconde a meia,
Um rasgo lacerante,
Quem sabe o que ainda
Mais está por vir
Talvez um moço rico
Se apaixone,
Por quem já não conhece
O coração
Lhe chamam rapariga,
Não tem nome,
Nos guetos é chamada
Tentação
Se deita com qualquer
Que lhe acene,
Não sabe o que o amanhã
Reservará
Ajeita, mostra o ombro,
A tatuagem,
Um pássaro ferido,
Um carcará ...
Vejam Messalina
Mais moderna,
Carrega o tempo seu,
Sob medida.
Amante dos milicos
Nas casernas,
Não sabe onde chegar
Nem da partida
Ajeita a maquiagem
Cintilante,
Um traço de batom
Quase encarnado
O grito da buzina
Alucinante,
Já tem pra quem mostrar
O seu bailado
Não sabe de paixão
Ou de prazer,
Pra ela todos são
Sem certidão
Nem sabe o que,
Lhe pode acontecer,
A vida não lhe dá
Satisfação
Se deita com qualquer
Que lhe acene,
Não sabe o que o amanhã
Reservará
Seu corpo, é algo que,
Não lhe pertence,
Se deixa, num segundo
Embriagar.