Quem é o inimigo agora?
Meu caro,
Que saudades dos velhotes,
Do tempo em que se tinha
A quem culpar
O povo esperneava
No garrote
Mas bem sabia
De que forma revidar
A turba se escondia
Atrás dos muros
Ouvia a agonia
Que chegava dos porões
Suava o sangue quente
No escuro
Amanhecia ardendo
Em ódio dos vilões
Mas hoje o inimigo
É sem patente
Meu caro não há
Como protestar ...
Dinheiro que se guarda
Nas ceroulas
Agora não se sabe
Contra quem lutar
No braço fez-se
Livre dos grilhões
Tentou reconstruir
Velho presente
Seu dedo agora
Aponta a escuridão
Não vai reconhecer
O que é ausente
A gente do passado
Era da luta
Vivia o rigor do frio
Corte do punhal
Mas hoje vive bem
Na sua culpa
Deixou de distinguir
O bem do mal
Refrão
Se abriga em modernas
Casamatas
Esquece que ainda
Muito está por vir
Forjada por discursos
E bravatas
Só pensa no metal
De repartir
O sapo que contou
Tantas histórias
Por sorte a princesa
Não beijou
Escarnece e ri do povo
Sem memória
E diz que não sabia ...,
... Alguém criou
Refrão
O novo inimigo
É tão antigo !!!
Trocou a baioneta
Por gravatas de cetim
Reparte ainda mais
O que é partido
Murchou todas
As flores do jardim !!!
A voz que vem do tempo
É sem abrigo
Ninguém conhece mais
Esse verdugo
Que impõe belo discurso
Sem sentido
E abraça um povo inerte
E tão confuso
Refrão