No boteco do Assumpção


Eu fui convidado p’rum samba
No boteco do Assumpção
Cheguei beliscando nos pratos
Mesa farta, meu irmão !

O som que chegava dos fundos
Era pura inspiração,
Compasso e harmonia,
Cavaco, pandeiro e violão ...

Mas tinha uma morena saia curta,
Singela porta voz da perdição ....

A roupa colada no corpo,
Cabelo no jeito, sambando descalça
Meu Deus que judiação !

Se nego rondasse por perto
De olho na prenda,
Cheio de imaginação ...

Ela mostrava um sorriso
E dizia baixinho, - “ não chega mais não”
E logo avisava no charme :

“- Sou sobrinha do Assumpção”

O cara é de muito respeito
Levando com jeito,
Uma doçura de tratar

No peito um armário de aço,
Um metro e noventa
São cento e quarenta,
Bem difícil de encarar ...

Manguaça me pega no braço
E diz que vai me aconselhar
Começa dizendo nos versos
O jeito certo de azarar :

Disfarça só olha pra moça
Quando o titio se afastar
Nem tenta pegar na mão dela,
O cara é uma fera,
Você vai se complicar ...

Se abraça na mãe paciência
Que traz consciência
E vem lhe avisar
Que o jeito que ela balança
Faz nego com febre levantar