Sempre me vem água nos olhos
Quando eu ouço uma canção
Que fala do meu sertão
Das coisas do meu nordeste
Lembro de um cabra da peste
De um mulato fagueiro
Único e derradeiro
Era Rei e era plebeu
Juntos no mesmo eu
A sanfona e o sanfoneiro
Acauã, assum-preto, asa branca
Sabiá e também o pássaro carão
Aves inspiradoras de canção
Se eu os ouço cantar logo eu vejo
O iluminar do clarão de um relampejo
No bater do zabumba o trovão
É o céu chorando chuvas no sertão
É seu Luiz que lá de cima entona
Com o abrir e fechar de sua sanfona
Uma sinfonia de forró, xote e baião
Esse bravo sertanejo
Cedo abandonou o ninho
Voou como um passarinho
O filho de Januário
Hoje no seu centenário
Sua música me afaga
No meu peito se propaga
Deixa o nordeste orgulhoso
Um viva ao glorioso
E Rei maior Luiz Gonzaga.