Identificado pela molecada
"Piou" na quebrada com o seu cabelão
Jeitão desleixado (mas na hora marcada!)
Tirou d'um "kaize" que lembra um caixão
Um instrumento todo cheio de marra
Que vira guitarra, mas é violão
Entendeu a sacada de um sete malandro
Ficou alinhavando ali na marcação
Nova bruxaria no nosso terreiro
Sob tecnologia que vem do Japão
Fez amizades com os partideiros
E na humildade engrossou o refrão
Tocou um samba do naipe que une
Estados Unidos e Afeganistão
Depois dançou tipo Arnaldo Antunes
Salpicando misturas do pé com a mão
Sumiu da favela deixando saudade,
Mas chorou na janela daquele avião
Neto de vó macumbeira que não fala besteira
Foi lá no presídio que seu pai virou bíblia
Tem uma irmã que é polícia feminina
A molecada lá na esquina sempre viu sua insíglia
Matriculado na escola do mundo
No caldeirão fervente da periferia
Pode ser malaco alado, malandro ou vagabundo
Sob a mola propulsora da sua magia
Na tribuna de honra das mãos do prefeito
Recebeu todo sem jeito aquela homenagem
Quem foi "Isca de Polícia" num passado recente
Homenageado justamente pela malandragem!
Particularidades de um ecumenismo
Que o contemporanismo ainda mais acentua
Habilidades que com muito brilhantismo
Lapidou desde o batismo da danca de rua
Um truta meio cínico disse que é cênico...
Pra mim é contratempo; sincopado; ecumênico!