CASSETETE PERDIDO
Beto Matos
Vinha eu de bobeira
Na Uruguaiana perto da Ouvidor
De sorriso aberto
No bolso um casquede mandando geral
Já tinha comprado um CD desbotado
E um relógio digital
Suíço legítimo do Paraguai
Que dava a hora do Brasil
O dono da peça
De olhar reluzente me disse a pesar
“A vida seu moço é um angu de caroço
Pra quem quer trabalhar”
Antes que eu entendesse sua filosofia
E pagasse o que ele me serviu
Abraçou o tabuleiro e feito alma penada
O homem sumiu
Do nada surgiu um zaralho
Grito e correria senhoras no chão
Um gás irritante nos olhos
E bombas de um feito imoral
Daí um cassetete perdido
Encontrou meu umbigo e pra não ir ao chão
Me agarrei na parda farda da guarda municipal
Foi tanto do murro que eu perdi o prumo e o rumo
Nem sei qual minha direção
Mas na Uruguaiana dia de semana
Eu não volto mais não