Eu vou cantando versos tortos,
Pelo avesso
Pouco me importando
Se teu aplauso eu mereço...
Canto, meu canto é corte navalha
Vou arrancando o manto
De quem se diz ser santo
Enquanto o mal espalha
Canto e faço da boca metralha
Pra ver se a justiça perde a preguiça
Não sendo mais fogo de palha
Canto e não temo tua represália
Boto o dedo no teu nariz
Bato na tua cangalha
Mostro pra todo país
A tua face canalha...
Eu vou cantando versos tortos pelo avesso...
Não agüento mais teu discurso engomado
Ver o povo ser enrolado
Com tudo que você diz
Acreditando nas tuas falsas promessas
Caindo na tua conversa
Nos sacaneia e ainda pede bis
Quero ver vazia tua meia
Todos de barriga cheia
Sem precisar de natal
Pra se ter direito a ceia
Que fome zero é te ver dentro da cadeia
Não, não queremos mais esmola
Não venha com piedade
Que bolsa escola
Não garante faculdade
Quero ver o povo unido
Na mesma luta, no mesmo grito
Fazendo valer todo grão que se semeia
O suor que escorre,
O sangue que tem na veia
Sem medo a opressão
Sem medo, de cara feia