Por que o amor às vezes é cruel
E feito navalha dilacera o coração
E o sangue da decepção,
Que jorra sem jeito,
Sobre o sonho desfeito se espalha
Deixando a alma combalida
Mortalmente ferida,
Sem forças, sem conseguir
O sangue estancar...
O coração ferido se torna bandido,
Descrente de tudo,
Se faz de cego, surdo e mudo
Rejeitando a verdade,
Diante da razão
E insiste em guardar a saudade
Que só faz machucar
E o trancafiar em sua prisão
Afeito ao amor,
Humilha-se, se arrasta,
Descompassado de dor
Do cálice não se afasta
Faz sangrar a ferida
Querendo encontrar no espinho a flor
O coração chora carente,
Precisando urgente,
Que o tempo seja piedoso
Não sendo vagaroso
E que o faça bater
Feliz de novo...