É o céu uma abóbada aureolada, Rodeada de gases venenosos, Radiantes planetas luminosos Gravidade na cósmica camada! Galáxia também hidrogenada, Como é lindo o espaço azul-turquesa E o sol, fulgurante tocha acesa, Flamejando sem pausa e sem escala! Quem de nós pensaria em apagá-la? Só o Santo Autor da Natureza!
De tais obras, o homem e a mulher São antigos e ricos patrimônios. Geram corpos em forma de hormônios, E criam seres sem dúvida sequer. O homem, após esse mister, Perpetua a espécie, com certeza. A mulher carinhosa e indefesa Dá à luz uma vida, novo brilho, Nove meses, no ventre, aloja o filho, Pelo Santo Poder da Natureza!
O peixe é bastante diferente: Ninguém pode entender como é seu gênio! Ele reserva porções de oxigênio E mutações para o meio ambiente! Tem mais cartilagem resistente Habitando na orla ou profundeza, Devora outros peixes pra despesa Tem a época do acasalamento Revestido de escamas, esse elemento, Com a força da Santa Natureza!
O poraquê ou o peixe elétrico, é um tipo genuíno, Habitante dos rios e águas pretas, E com ele possui certas plaquetas Que o dotam de um mecanismo fino! E com tal cartilagem, esse ladino Faz contato com muita ligeireza, E quem tocá-lo padece de surpresa Descarga mortífera, absoluta, Sua alta voltagem eletrocuta, Com os fios... da santa Natureza!
A tartaruga é gostosa, feia e mansa, Habitante dos rios e oceanos! Chegar aos quatrocentos anos Pra ela é rotina... é confiança! Guarda ovos na areia e nem se cansa De por eles zelar como defesa. Nascido os filhotes, com presteza, Nas águas revoltas já se jogam, Por instinto da raça não se afogam E também pelo Poder da Natureza!
O canário é pássaro cantor, Diferente de garça e pelicano. Papagaio, arara e tucano, Todos eles com majestosa cor! O gavião é um tipo caçador E columbiforme é a burguesa, O aquático falmingo é, da represa, A ave, a rapace agigantada, Eis o mundo das aves, a passarada Quanto é grande, poderosa e bela, a Natureza!
A gazela, o antílope e o impala A zebra e o alce, felizardo, Não habitam em comum com o leopardo, O leão e o tigre-de-bengala! O macaco faz tudo mas não fala, Por acaso da espécie, por franqueza, Tem o búfalo aspecto de grandeza, O boi manso e o puma tão valente, Cada um de uma espécie diferente Isso é coisa também da Natureza!
E acho também interessante O réptil de aspecto esquisito O pequeno tamanho de um mosquito, A tromba prênsil do elefante A saliva incolor do ruminante A mosca nociva e indefesa A cobra que ataca de surpresa Aplicar o veneno é seu mister: De uma vez mata trinta, se puder Mas é coisa também da Santa Natureza!
No Nordeste há quem diga que o carão Possui certos poderes encantados E, que, através de fenômenos variados, Prevê a mudança de estação. De fato, no auge do verão, Ele entoa seu cântico de tristeza E, de repente, um milagre, uma surpresa: Cai a chuva benéfica e divina! Quem lhe diz, quem lhe mostra, e quem lhe ensina? É somente o Autor da Natureza!
Quem é que não sabe que o morcego Com o rato bastante se parece? Nas cavernas escuras sobe e desce Sugar sangue dos outros é seu emprego! Às noites escuras tem apego, Asqueroso ele é, tenho certeza. Tem na vista sintoma de fraqueza Porém, o seu ouvido é muito fino: Também tem um sonar, aparelho pequenino, Que lhe deu o Autor da Natureza!
Admiro a formiga pequenina, Figadal inimiga da lavoura. No trabalho, aplicada professora, Um exemplo de pura disciplina! Através das antenas se combina Nos celeiros alheios faz limpeza. Formigueiro é a sua fortaleza Onde cada uma delas tem emprego, Uma entra, outra sai, não tem sossego Quanto é grande e bonita a Natureza!
E a aranha pequena, tão arguta, De finíssimos fios faz a teia Nesse mundo almoça, janta e ceia É ali que passeia, vive e luta! Labirinto intrincado ela executa Seu trabalho é bordado em qualquer mesa. Quem pensar destruir-lhe a fortaleza Perderá de uma vez toda a esperança, Sua rede é autêntica segurança Operária das Mãos da Natureza!
A planta firmada no junquilho: Begônia, tulipa, margarida, As pedras riquíssimas da jazida Com a cor, o valor, a luz, o brilho. A prata e o ouro cor de milho, O brilhante, a opala e a turquesa A pérola das jóias da princesa É difícil, valiosíssima e até Alguém pensa ser vidro, mas não é: É um milagre da Santa Natureza!
O inseto do sono tsé-tsé As flores gentis, com seus narcóticos, As ervas que dão antibióticos, A mudança constante da maré! A feiúra real do caburé, No pavão é enorme a boniteza, Tem o lince visão e a agudeza E o cachorro, finíssima audição! Vigilante mal pago do patrão, Isso é coisa da Natureza!
A cigarra cantante dialoga Através do seu canto intermitente. De inverno a verão canta contente E a sua canção não sai de voga! Qualquer árvore é a sua sinagoga Não procura comida pra despesa Sua música é sinônimo de tristeza “Patativa da Seca” é o seu nome Se deixar de cantar morre de fome Mas a gente sabe que é da Natureza!...
Em homenagem a Xangai e Ivanildo Vila Nova, os dois gênios criadores dessas maravilhosas estrofes, eu ousei complementar:
E quem fez tudo isso, eu lhe pergunto, Me responda o amigo, se puder. Fez o homem e depois fez a mulher, Fez os bichos, pra gente viver junto. E Se fez o Senhor de Todo Assunto, Desde o Micro até o Macro, em Realeza, Fez-se Fonte de Amor e de Beleza, Seu Poder, ultrapassa o infinito... É o Nome, entre todos, mais bonito, Ele é Deus, o Senhor da Natureza!
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