Verso 1

No gesto oculto a aurora se insinua

No vão do dia, algo em mim desperta

A mão repete e o coração atua

Na ação pequena a alma se liberta

É semente — e cresce em terra incerta

 

Verso 2

É fogo manso a arder no peito exausto

É passo em chão que o medo já tremeu

A flor renasce em meio ao campo infausto

E a voz ressurge onde o silêncio ardeu

Coragem é o grito que não morreu

 

Refrão

Ergue-te, irmão, do abismo costumeiro!

Teu passo é ponte, teu cansaço é luz

Cada renúncia acende um mundo inteiro

O barro geme e a forma te conduz

A alma cresce onde o querer reluz

 

Verso 3

É rio manso a moldar pedra ferida

Tempo que afina o som da perfeição

É sol que espera a hora mais ungida

Silêncio vivo em plena combustão

Paciência é a força da criação

 

Verso 4

É luz que toca a dor do mundo inteiro

É ponte viva entre a dor e a mão

É lágrima que lava o verdadeiro

E encontra espelho em todo coração

Compaixão é a voz da redenção

 

Refrão Final

Ergue-te, irmão, do abismo costumeiro!

Não temas mais o passo repetido

Cada escolha acende um céu inteiro

E o hábito é a estrada do sentido

Esculpe em ti o eterno — e o infinito

 

Decimar da Silveira Biagini

23 de abril de 2025