Na terra de Buenos Aires
Nasceu um homem de luz
Chamava-se Jorge Mario
Hoje o mundo o traduz
Como Francisco o bondoso
Que seguiu os passos de Jesus
Filho de imigrantes simples
Da Itália trouxe o traço
Desde cedo a vocação
Já se firmava no compasso
Ser pastor entre os pequenos
Com ternura no abraço
Na química se formou
Mas foi Deus quem lhe chamou
Entrou na Companhia
De Jesus e se doou
Virou padre foi bispo
E ao povo se entregou
Cardeal de Buenos Aires
Na América do Sul
Andava de metrô e ônibus
Sem luxo sem céu de azul
Limpava os pés dos humildes
Tinha o coração a pulsar grul
Em dois mil e treze então
Com o mundo a contemplar
A fumaça branca ergueu-se
E um novo tempo veio a brilhar
Francisco o Papa do povo
Começava a caminhar
Escolheu o nome do Santo
Que amava toda a criação
E com gestos e palavras
Trouxe paz e compaixão
Falou pelos esquecidos
Clamou por justiça e pão
Foi ao cárcere e às favelas
Beijou leproso e mendigo
Condenou toda a ganância
E o clericalismo antigo
Na cadeira de Pedro
Foi irmão pai e amigo
Defensor da ecologia
Da ternura e da igualdade
Dos migrantes e sem-teto
Da fé com sinceridade
Reformista da esperança
Mestre da fraternidade
E agora que parte em paz
Para a casa do Senhor
O mundo inteiro se inclina
Com respeito e com amor
Francisco missioneiro
Segue além sem mais temor
No céu São Pedro o espera
Com um sorriso sutil
“Bem-vindo servo fiel
Que viveu o Evangelho a mil”
E a Terra embora em luto
Agradece ao pastor gentil
Decimar da Silveira Biagini
21 de abril de 2025