Ó músculo feito do som primordial
Tecido em silêncio do Éter total
Treme na força do fogo central
Ergue-se ao alto num gesto espiral
Ó chakra ó roda do verbo girante
Gira na dança do ser vibrante
Desce e sobe em canto constante
Alinha o espírito ao Uno amante
Purifica — clama o prāṇa que inflama
Do cóccix ao cume a luz se derrama
Na entrega o corpo se torna um dharma
E a alma repousa sem medo ou drama
Cada tendão mantra tenso e bendito
Cada respiração um rito infinito
O devoto sente no osso o escrito
Do Uno chamando do grão ao grito
Om Namah — soa no peito e nas veias
A Kundalinī desfaz as cadeias
Em cada suor há pérolas cheias
Do amor que em tudo dissolve as teias
Agora é retorno é verso que volta
Ao Uno que pulsa ao Nada que solta
O ouvinte que ouve se dobra e exalta
E o Ser se revela sem porta ou escolta