Sons urbanos,
Paralelepípedos nas ruas,
Luzes piscando,
Há um silêncio barulhento,
Pessoas falando no vazio,
Conteúdo perdidos,
Posso ouvir as baquetas,
Uma bateria solando,
Nessa noite sem estrelas,
Quando a lua reflete,
A sombra que habita,
As dores mal curadas,
Os gritos surdos,
Na melancolia do céu nublado,
Esperando a chuva cair,
Limpar as almas em transe,
Perambulantes por histórias,
Das quais não são sujeitos,
Evocando filosofias que não dominam,
Como papagaios sem públicos,
Buscam um púlpito para pregar ideias,
Um holofote no deserto interior,
Sim, posso sentir o desequilíbrio,
A encenação, a roupa remendada,
Ostentando uma riqueza inexistente,
Há uma cegueira coletiva,
Na torpeza do mundo,
Todos tão adoecidos e perdidos,
Mutiando suas Humanidades,
Um lamento de vida se esvaindo,
De momentos sem significado,
Vão desaparecendo na falta de sentido...