Natal divino ao rés-do-chão humano,
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.
O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar...
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar...
Miguel Torga, in 'Antologia Poética'
Letra da música de Kleber Versares
[Verso]
Natal de luz ao rés-do-chão humano
Cem anjos a cantar a cada ouvido
Nosso canto solitário ecoando
No silêncio de um coração ferido
[Verso 2]
Encolhido à lareira e queimando
Questiono do fogo seus segredos
Sua chama me responde dançando
Num balé de brasas o folguedo
[Refrão]
Respondo ao calor aconchegante
Com as achas que vou pondo a queimar
E cada faísca brilha num instante
Como os magos no tempo a galopar
[Verso 3]
Natal de luz no chão da nossa vida
Sem ornamentos brilha o sol divino
Só o amor aquece nossa guarida
Na simplicidade do Deus menino
[Ponte]
Ao que pergunto a chama responde
Ecoando longínquas memórias
O Rei já acampa ao pé do monte
E o lume lhe tributa louvor e glórias
[Refrão]
Respondo ao calor aconchegante
Com as achas que vou pondo a queimar
E cada faísca brilha num instante
Como os magos no tempo a galopar