Eu sempre o observava
Andar,
comer,
falar,
sorrir
Por vezes me peguei
fixa
tentando capturar cada detalhe
que me fazia tão vulnerável
a ele
Já havia tentado fugir
procurar as falhas e
bandeiras de quaisquer que fossem
as cores,
inclusive as vermelhas
Mas não havia nada além
dele
E de como me sinto menina
e mulher
e melhor
E de como ele me lembra tudo
Os números
os aviões
a ciranda que não consigo esquecer
as mais tocadas
os livros
o agridoce
os pãezinhos cedo
os cafés passados
as viagens de volta
os bares
e todos os cantos desse país que
ele tomou de território
porque onde eu for
ele estará
me esperando percebê-lo
Era como um sonho em loop
eu acordava e ele estava lá
e quando acordava e ele
não estava
sequer parecia acordada
Ele manteve meu carrossel
girando
e girando
e girando
e girando
E fiquei presa nessa
teia
de amor e
descontrole.