Num pasto verdejante e aveludado,
Às margens dum riozinho cristalino,
Tocando, na garganta, um loiro sino,
Brincava um cordeirinho imaculado.
Um burro, que pastava do seu lado,
Amava, igual um pai, o mimo albino;
Pensava, preocupado, no assassino
Que andava, camuflado, pelo prado.
Um lobo (desalmado e trambiqueiro)
Tentou, mais uma vez, matar o amor,
Saltando sobre o manso aventureiro;
Porém, o azar estava a seu favor:
Zurrando como grito de guerreiro,
O sábio deu-lhe um coice matador.