ADORÁVEIS DEMÔNIO
Para cantar, tenho boa voz
Mas só isso não basta!
Na minha vida gasta
Há muito saída da foz,
Escrevo meus poemas
Com sangue e calos,
Resolvendo problemas
Para os quais não calo.
Papéis não reclamam...
Grito em folhas brancas, mudas
As dores que não desaguam,
As dores nuas, perversas, absurdas.
Queria cantar, mesmo em sonhos,
Se assim fosse possível, enquanto vivo
Com quem me assombra com demônios,
Demônios que pacificamente convivo.