Minhoca

Publicado por: Kleber Versares
Data: 20/11/2024
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

Letra: Kleber Versares Música: suno
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

Minhoca

Olá minhoquinha, que vida

dura essa sua?

Afundada na ganga impura

Comendo barro e sujeira,

Todo o dia a vida inteira.

Não te enojas das imundícies?

Do cheiro nauseabundo,

Desse seu habitat imundo?

No leito podre em que vives,

Eu não duraria um segundo!

Meu caro, tu és obreiro,

Empregado e operário?

E te orgulhas do trabalho

De sol a sol, Janeiro-a-janeiro,

Do ordenado o salário, do suor frio

Do malho, dignidade e respeito?

Tua sina te assemelha à minha,

Triste minhoca!

Se é melhor, ou é pior, depende

Do foco, ou da tua ótica.

Sou minhoca, aqui vivo e aqui morro

A cultivar eira e horta.

Um dia serei o adubo de uma leguminosa.

Mas sou dono, tudo é meu,

nasci para ser um arado.

Foi pra isso que Deus me fez

Bem pra isso eu fui criado.

E tu, com o teu patrão,

não te sentes humilhado?

Faz mansões e faz Castelos

Viaduto, palácio e sobrado...

E a única coisa que é tua

São os pés dos teus chinelos

Rotos, sujos da mesma lama impura!

Que eu fabrico o meu telhado.

Seus filhos vestem os trapos

Por aqueles desprezados.

E as mãos que te acarinham,

Tem as unhas em frangalhos.

Dura a vida, triste a sina

Vida de lacaio e de farrapos.

Assim tenho melhor sorte,

Por ter ao redor tanta fortuna.

Por só de Deus ser um criado.

Porque até na hora da morte

Me enterrarei na fartura,

E só a Deus direi: meu Senhor,

Muito obrigado!

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 04/01/2017
Reeditado em 20/11/2024
Código do texto: T5871987
Classificação de conteúdo: seguro