Fui criado no mato, com roceiro
Cortei lenha de foice e de machado
Muito cedo aprendi lidar com gado
Na caatinga lacei boi mandingueiro
Trabalhei alugado pra meieiro
Calegei minhas mãos desde menino
E esses calos traçaram meu destino
Ajudando transpor minhas muralhas
"Sou guerreiro forjado nas batalhas"
"Das labutas do solo nordestino."
Com enxada cuidei da plantação
Nos bons tempos frutíferos de inverno
Fiz mestrado na roça, arando o chão
Capinar foi meu lápis, meu caderno
Fiz chiqueiro de vara pra galinha
Cacei peba, preá, mocó, rolinha
Escalei grotilhões no sol a pino
Armei fojo e quixó, por entre as galhas
"Sou guerreiro forjado nas batalhas"
"Das labutas do solo nordestino.
Fiz passeio de jegue nas cangalhas
Quando pai foi tropeiro pelo agreste
Como um bom e fiel cabra da peste
"Sou guerreiro forjado nas batalhas"
Escapando dos gumos das navalhas
Empunhadas nas mãos de algum cretino
A defesa de modo repentino
É o genoma inconteste e absoluto
Da genét'ca provando que eu sou fruto
"Das labutas do solo nordestino."