Afirma Paulo Leminski que:
"somente o torto sabe o que é o direito".
O pecador mostra o rosto.
A escuridão clama pela luz.
A luz basta em si mesmo,
A perfeição é solitária e fria.
Por isso nascer de Maria,
Beber o vinho, comer torresmo...
Só quem comeu sabe o gosto.
Confesse a traição, Pedro.
Caminha na água, sem medos.
Te dou três chances, não temas.
Pois só quem confessa cresce.
A vida tem dilemas e segredos,
Que a perfeição desconhece.
Qual foi o erro de Judas?
O roubo, ganância, tramóia?
Qual nada, isso Deus perdoa.
Bem pior foi o beijo falso,
Com um bafo-de-jiboia.
Hipocrisia, este é o nome,
Do pecado sem perdão.
Que engambela o homem
Em muita confusão.
Ofende ao Deus eterno,
Com o qual se espalma,
Em rumo certo ao inferno.
O torto tem salvação,
Para o erro dá-se um jeito.
Mas quem se julga perfeito,
E aponta o defeito alheio,
Não tem espaço no céu,
Mas tem o inferno inteiro.
Se entregar na cruz foi "irado".
Sem esconder a franqueza.
Melhor um Cristo indeciso,
Que um diabo narciso,
Que sonha em ser adorado.
Segura essa mania, torto.
E confessa a sua culpa.
Ou pensa em uma desculpa
Na hora da travessia, morto.