Este poema estrambólico
Deve ser lido ao contrário
Primeiro vem os aplausos
E só depois o corolário.
As lágrimas que se recolhem.
Os suspiros no imaginário.
Desejos que se desfazem,
Como se fossem binário.
Na contramão segue o texto.
Do Z pra o A o dicionário,
Não se explica o contexto,
Volta a ser pau o calvário.
O bebê volta pro ventre.
Tudo vira uma baderna,
E condena-se o inocente,
A pena de vida eterna.
O glutão fica anoréxico,
E o mudo um tagarela.
A frase fica sem nexo,
E a moça sai da janela.
O riacho sobe a serra,
A flecha volta pra o arco.
O peixe triste da vida,
Pula pra dentro do barco.
Quem não liga pra política,
Tá hoje batendo a panela.
Só quero ver quanto fica,
O meu pão com mortadela.
O velho entrou por quota
Na exposição do museu
Criança já não faz prova
Se assina o nome, valeu!
A escola é o contrapor
Do verdadeiro ensino
Só entra no céu quem for
Um inocente menino.
O Brasil está ao contrário.
O trem já saiu da linha.
Quem governa é o salafrário,
Quem paga-o-pato? Adivinha?
Se deu nó na sua cabeça,
Volte e leia de novo.
Quem sabe mais, esclareça,
A conta quem paga é o povo!
Nesta poesia diferente
Me despeço e digo oi.
Voltou a ser Presidente
O barbudo sapo boi.