Maria estava na chuva
Lá fora a chuva chovia
Maria não se importava
Com a chuva que caía
Maria parava um carro
Estendia a mão e pedia
E a chuva fazia barro
E de barro era a Maria
Se alguém algo lhe desse
Juntava as mãos a Maria
Rogava a Deus uma prece
Como a chuva que chovia
Dos olhos dela brotavam
Toda chuva que descia
E as preces o Pai colhia
Abençoada era a Maria
No farol ela se restituía
Por uns trocados e rezava
Sua prece bem que valia
A chuva que o chão regava
Em águas de dura pia
A cântaros se convertia
No sinal que se abria
A Maria a Deus pedia
Adeus menina Maria
Não tenho nada pra dar
Mas tudo que eu queria
Maria, a tua face secar
Quem não lhe contribuía
Perdia as preces santas
Mas marias eram tantas
Feitas do mesmo barro
Que o oleiro fez a santa
Quanto a chuva que chovia.