Sou o homem que vagava nas ruas escuras e desertas,
Sob frio intenso, nas noites profundas, ermas e incertas.
Com passos vacilantes, sem destino, sem direção;
Sem se importar, sem importância, sem coração.
Fui o homem desiludido, descrente das paixões,
Que violentava as madrugadas em coitos febris;
Procurando não encontrar, em labirintos servis,
O amor que se foi. A dor de perder. As ilusões.
Hoje minh’alma fenecida em vida resplandece,
E meu corpo troncho e curvado, sob o peso da dor,
Cicatriza as feridas putrefeitas que o tempo causou.
No beijo de um novo amor, a luz que encandece.
No fascínio de uma nova paixão, o resgate salvador.
Do homem que ontem fui. Pelo homem que hoje sou.