Na madrugada o silêncio, e lá fora a escuridão
Um friozinho perturba a calma, fazendo-me tremular
Algo sinto por dentro, que não quer ser solidão
Em amor, desconfiado, o coração não quer pensar
O tempo passa e tudo muda, a mudanças me proponho
Já mudei o quanto pude, é trabalho continuado
Piso firme escolho onde ando, ponho reticências em sonho
Se movediço parece-me o chão, piso com certo cuidado
Aprendi com as voltas da vida, não fiar no cara ou coroa
Que o vermelho é cor do veneno, a natureza alerta
Tem que saber a largura dos passos, a não dar saltos atoa
Mirar em múltiplos alvos, é provável que em nada se acerta
Não penses que sou infeliz, ao contrário, garanto de antemão
Nos redemoinhos em que fui sugado, fortalecido fiquei
A natureza me deu muitos prêmios, o meu forte é a gratidão
Não lamento as batalhas perdidas, agradeço as que ganhei
Sei lá quanto tempo me resta, é problema do Criador
A mim compete seguir, a retidão como proposta
Confio muito no depois, é certeza e não aposta
Muitas falhas eu sei que tenho, vou vencê-las abraçado ao amor.
JV do Lago